Embora tenha escrito diversas histórias de super-heróis, o roteirista Archie Goodwin nitidamente gostava mesmo era de histórias policiais e de espionagem (algo que ele fazia com perfeição na tira Agente secreto Corrigan, em parceria com Al Williamson). Em 1973 ele uniu esses gêneros em um dos melhores (e menos conhecidos) personagens da era de bronze: Caçador.
Inspirado em um personagem antigo da DC, o Caçador tinha histórias de oito páginas, desenhadas por Walter Simonson e era publicado na revista Detective Comics (nos dois últimos capítulos tiveram a participação do astro da revista, Batman).
Eram apenas oito páginas, mas chamavam a atenção pelos roteiros bem elaborados e pela arte revolucionária.
Primeira página da primeira história: narrativa em flash back. |
A primeira história já dava o tom da série.
Uma agente da Interpol, Christine St. Clair vai ao Nepal atrás do misterioso personagem chamado Caçador. Ali ela encontra com um ancião que lhe conta tudo que sabe sobre o personagem: sobre como ele invadiu a Seita dos ladrões onde aparentemente foi para matar um revolucionário refugiado, mas no final, descobriu-se que seu objetivo era salvar sua vida. A trama toda é contada em flash backs, de acordo com a narrativa do velho em sequências de ação extremamente dinâmicas e diagramação nada convencional. No final, quando a agente vai embora, descobre-se que o velho, na verdade, é o próprio Caçador.
Hoje, tanto anos depois, é impossível não perceber que Frank Miller bebeu muito dessa série. As sequências, por exemplo, lembram muito a narrativa visual de Miller no Demolidor.
Caçador destoava de outros heróis da época por ser mais parecido com um anti-herói, que matava sem piedade quando necessário.
A narrativa visual lembra o que Frank Miller faria anos depois no Demolidor. |
Seu visual, por outro lado, é icônico: a roupa vermelha com ombreiras que lembram as roupas de samurai; a máscara simples e adereços nas pernas que, se fossem reais, iriam dificultar muito seus movimentos, mas nos quadrinhos davam um visual perfeito e arrojado.
Se Simonson carregava na experimentação visual, Goodwin se esmerava em produzir narrativas pouco convencionais. Uma das histórias, por exemplo, é focada numa família de turistas que visita uma catedral antiga onde o Caçador enfrenta seus inimigos da sociedade secreta, o Conselho. O único da família que consegue perceber o que está acontecendo é o menino, vestido de cowboy, mas nem seu pai, nem sua mãe lhe dão atenção. A história é toda focada no menino, inclusive em sua intervenção essencial na história.
A série teve apenas oito capítulos, mas marcou época, sendo lembrada com carinho pelos fãs.
Uma curiosidade é que o Caçador, criado um ano antes do Wolverine, já tinha o fator de cura.
No Brasil essas histórias foram publicadas em revistas da editora Abril e reunidas no volume 1 de Lendas do Cavaleiro das Trevas – Archie Goodwin.
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