segunda-feira, março 07, 2022

“Eu nunca fui o Superboy”

 



Quando John Byrne assumiu o título do Super-homem, ele reformulou o personagem e simplesmente tirou do universo do personagem suas contrapartes, como Superboy e Super-moça. Mas havia um problema: Superboy era essencial para o grupo Legião dos Super-heróis. Afinal, todo o grupo se estruturava em torno da idolatria ao superboy.

Para tentar explicar essa incongruência, Byrne fez uma história em duas partes publicada nos números 8 de Superman.

Na trama, o herói está em Pequenópolis em um encontro com seus pais e Lana Lang quando percebe que algo está acontecendo a pouca distância dali. Ao chegar lá depara-se com a nave da Legião e, sem querer, a ataca com sua visão de calor. Esse acidente leva a uma extensa batalha do Super-homem com a Legião que reverbera a experiência do autor com a Marvel – ao contrário da DC, em que todos eram amigos, na Marvel sempre que dois ou mais heróis se encontravam, eles sempre caíam na porrada.

Byrne recria a primeira história da Legião. 


Quando finalmente as coisas são esclarecidas, Lex Luthor começa a relembrar a relação deles com o Superboy – e Byrne recria, ponto a ponto, a primeira história da Legião, em que eles convidam Superboy para fazer parte da equipe, mas ele falha miservavelmente em todos os testes de admissão, o que era nada mais nada menos que um trote de calouro.

A narrativa prossegue até os dias atuais, quando Cósmico volta para o século XX, descobre que a história da terra não bate com tudo que conheciam (reflexo direto da reformulação feita por Byrne) e desconfiam que tudo é responsabilidade do Senhor do tempo.  A Legião tenta chegar à Cidadela dele, no final dos tempos, mas, misteriosamente, acabam indo parar em Pequenópolis, onde parte da equipe é atacada e aprisionada pelo Superboy. Os que escapam entram na nave, que volta para Pequenópolis, onde encontraram com o Super-homem.

O vilão explica a história para o leitor. 


Confuso? Muito. Para explicar esse imbróglio cronológico, Byrne inventa uma trama do Senhor do tempo que envolve até a criação de uma terra paralela – com direito ao próprio vilão explicando para o leitor tudo que está acontecendo, num tremendo bife. Aliás, o que não falta na história são bifes.

O que salvava Byrne é que a forma como ele narrava as histórias era tão agradável que o leitor simplesmente esquecia todos esses problemas e embarcava na trama. Seu traço elegante e sua narrativa visual limpa criavam uma espécie de pacto de verossimilhança com o leitor.

Em tempo: essa história foi publicada no Brasil em Super-powers 11, ocupando metade da revista. A outra metade era uma trama da Legião que continuava os acontecimentos da história anterior.

Sem comentários: