O personagem surgiu como vilão da revista do Lobisomen. |
De todos os super-heróis da Marvel nenhum tem uma origem tão inusitada quanto o Cavaleiro da Lua.
O personagem surgiu em 1975, como vilão na revista do... Lobisomem! Na história ele é um mercenário contratado por um misterioso grupo chamado Comitê para capturar o licantropo. Por isso sua roupa e todos os seus equipamentos são de prata, afinal, a prata é o metal o ponto franco dos lobisomens. No final da história em duas partes o personagem descobre que o Comitê quer usar a fera para cometer assassinatos e se redime, ajudando a libertar o protagonista. Para o roteirista Dough Moench e para o desenhista Don Perlin deveria ser apenas mais uma história do gibi. Mas o personagem chamou atenção e começaram a chegar cartas de leitores pedindo um título solo do Cavaleiro da Lua.
Na segunda versão do personagem ele ganhava força extra ao ser mordido por um lobisomem. |
A Marvel resolveu fazer um teste no título Marvel Spotlight 28 e 29. A equipe era a mesma da revista do Lobisomem: Moench e Perlin.
Essa nova abordagem aproveitava muito do que já tinha sido visto anteriormente, mas acrescentava outros: o personagem era um mercenário veterano de várias guerras na África, chamava-se Mark Spector (na primeira aparição era Spektor), e ganhara força sobrehumana ao ser mordido pelo lobisomem. Além disso, à essa altura, já tinha se tornado rico e usava três identidades: Steve Grant, um milionário, Mark Spector, o mercenário e Jacke Lockley, uma identidade usada para conseguir informações. Além, claro, do próprio Cavaleiro da Lua.
Quem conta isso tudo é Fuinha, o assistente de um mafioso chamado O conquistador, que se revela o vilão dessa primeira história solo do herói. Apesar do desenho de Perlin não ser grande coisa e do roteiro ter algo de infantil (o herói ganha poderes ao ser mordido por um lobisomem! Sério? Quem pensou nisso?), o título vendeu bem o bastante para a Marvel arriscar um título solo.
Na versão definitiva do herói, a capa sempre formava uma lua. |
Em 1980 estreou o gibi do Cavaleiro da Lua, mas agora com um acréscimo valioso: o desenhista de nome impronunciável Bill Sienkiewicz. Altamente influenciado por Neal Adams, mas já revelando um estilo próprio que faria dele uma sensação anos depois, Sienkiewicz era a alma do título. Algo que havia sido apenas sugerido por Perlin torna-se um padrão: a capa do personagem sempre aparecia no formato de Lua. Outra inovação foi não mostar o rosto, mas apenas as sombras sob o capuz e os olhos vermelhos, o que dava um ar de mistério ao herói. Além disso, o desenho era extremamente dinâmico, constantemente usando e abusando do escorço, com uma parte dos personagems em primeiro plano.
O roteiro de Moench acompanhou a evolução da arte tanto em termos de qualidade quanto de conceito. Na nova versão, Mark Spector é um mercenário que vê seu colega Bushman matar um velho arqueólogo e troca de lado, ajudando a salvar sua filha. Ele aparentemente morre depois de ir parar na tumba de rei egípcio, onde acaba renascendo graças à intervenção do deus da Lua. Ou seja: nada de lobisomens! Anos depois ele vai para os EUA, torna-se um milionário e usa as várias identidades para combater o crime com a ajuda da namorada e do amigo francês, que pilota um helicóptero que agora tinha o formato de uma lua.
De repente, o personagem secundário e meio ridículo tinha se tornado o dono de um dos títulos mais quentes do mercado de super-heróis.
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