quarta-feira, março 23, 2022

Senhor Milagre – O super-artista das fugas

 


Jack Kirby era uma metralhadora de ideias. Quando foi para DC, criou uma infinidade de personagens que se tornariam parte essencial do cânone da editora. Entre esses muitos personagens estava o Senhor Milagre, uma homenagem de Kirby ao amigo Jim Steranko, que costumava fazer números de fuga.

A capa do número de estreia é uma das mais emblemáticas e impactantes das muitas que Kirby fez para a DC. Com uma perspectiva distorcida e exagerada, vemos o herói preso num foguete. Lá embaixo um mafioso diz: “Adeus, Mister Milagre! Você perdeu a aposta e a vida!”. Já o herói diz que os seus inimigos pensam que armadilha é inescapável, mas terão uma surpresa, enquanto sua figura avançar na direção do leitor. O efeito é impressionante.

Scott Free aparece na hora certa. 


O que vemos a seguir é Oberon prendendo o Senhor Milagre com correntes, colocando-o numa caixa de madeira e botando fogo. Quando um jovem interfere para salvar o herói é que descobrimos que aquele que está sendo preso não é Scott Free, mas Thaddeus, um velho escapista.

Esse começo é uma boa sacada de Kirby, que surpreende o leitor. O problema é que tudo depois disso é forçado.

O vilão tem mãos de aço e uma aposta que não quer perder. 


Scott Free, um meste das fugas, chega na hora exata para salvar o velho escapista de um ataque da Intergangue. Depois é a pessoa certa para substitui-lo. Talvez funcionasse se fosse melhor desenvolvido, mas da forma como foi feito só funciona se o leitor aceitar um monte de coincidências.

Como escapar da grande armadilha? 


Há outros problemas, como os diálogos. Em certos pontos, Scott chega a antecipar a fala de Oberon, indicando até mesmo o valor a aposta que deu origem à história: “Acho que sei o resto... estipularam um valor, algo como dez mil dólares... e fecharam negócio!”.

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