O Lagarto é um vilão
surgido nas primeiras histórias do aracnídeo, ainda na fase Steve Ditko. Um
personagem que ficou no limbo por muito tempo, até ressurgir em The Amazing
Spiderman 44.
Na história, Peter Parker
deixa sua tia na estação de trem, onde ela irá seguir numa viagem de descanso
recomendado pelo médico. Mas na mesma estação está o Dr. Connors, que espera a
esposa. Mas a espera é interrompida por sua transformação no Lagarto. Claro que
caberá ao cabeça de teia impedir que o vilão realize seu plano de extermínio da
humanidade.
A arte de John Romita já se destacava... |
Alguém já disse que a
maioria dos vilões do aranha não existiria se consultasse com um psicólogo. De
fato, o Lagarto é oposto do Dr. Connors, enquanto aquele é compassivo e tem
como objetivo ajudar a humanidade, o Lagarto é um ser sem compaixão que acha
inclusive que deve se vingar do seu alter-ego. Seria um caso de dupla
identidade? Alguém já explorou essa possibilidade?
Algo que salta aos olhos
nessa trama, que se estendeu até o número seguinte, é a arte impressionante de
John Romita. Nessa época ele ainda imitava Steve Ditko (Romita achava que
inevitavelmente Ditko voltaria ao título – o que não aconteceu) e limitava sua
arte a uma diagramação apertada, muitas vezes com nove quadros por página. Mas
mesmo assim já era possível ver ali a
arte refinada de um dos melhores desenhistas dos quadrinhos americanos de todos
os tempos.
... embora nessa fase ele ainda imitasse Steve Ditko. |
Ditko poderia ser um
grande narrador gráfico, mas Romita era um mestre do desenho – e isso pode ser
visto na sequencia inicial, da estação de trem. A primeira página mostra de um
lado Parker e a Tia May indo na direção do trem e, do outro, o doutor olhando
para a mão semi-transformada, sendo assombrado pela imagem do lagarto. Aqui
romita dá um show e mostra o grande fisionomista que era, além de mestre da
composição.
E a dupla parecia afinada.
Se romita fazia quadros impressionantes, Stan Lee conseguia criar sequencias
interessantes de heroísmo e, ao mesmo tempo, de interação entre os jovens –
embora ele pudesse ser mais econômico nos diálogos, dando mais espaço para a
arte.
Os diálogos eram afinados, embora excessivos. |
Stan Lee nitidamente
estava se divertindo. Na segunda parte da história, publicada no número 45 a
revista, ele deixa os balões de um quadro em branco e acrescenta o texto: “Mais
uma medida inédita da Marvel. Sabendo quão talentosos são nossos leitores,
vamos deixar esse quadrinho com balões em branco para você escrever o diálogo
de despedida se quiser. Também escolha a trilha sonora para tocar de fundo”.
A relação com romita
deveria ser um alívio depois de todos os atritos com Steve Ditko.
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