domingo, junho 26, 2022

Bruxaria, de James Robinson



O sucesso de Sandman fez com que surgissem várias séries derivadas, com personagens secundários da série. Entre as melhores, sem dúvida, está Bruxaria, de James Robinson.

As protagonistas da história são as três bruxas (também conhecidas como moiras ou hecatae) em uma jornada de vingança.

Na época do império romano, um ritual em homenagem à deusa que é três é interrompido por uma horda de bárbaros, que violentam e matam as mulheres. Uma delas, Ursula, faz uma oração implorando por vingança: “Ele vai tirar minha vida... esta vida. Mas haverá outras vidas quando eu poderei obter minha vingança”.

Teddy Kristiansen é responsável pelas sequências com as bruxas. 


A trama gira, então, em torno das reencarnações de Ursula e Cooth, na Idade Média, no século XIX e no século XX.

O interessante do roteiro é a forma como James Robinson usa o tema da reencarnação como motor dramático. Também curioso o uso da ironia do destino: sempre acontece algo que priva Ursula de sua vingança.

Uma das especialidades de Robinson era explorar a ironia entre texto e imagem. 


Aliás, Robinson é um mestre do uso inteligente da ironia, como nas sequências em que o texto, colocado num quadro de impacto, diz o oposto do que é mostrado no desenho. À certa altura, por exemplo, a protagonista está se referindo ao convento no qual passou a infância e adolescência: “Ah, a paz. Vou ter saudades disso também... a quietude e a tranquilidade”. A última parte do texto vem sobre uma página dupla na qual diversos homens invadem o convento e matam as freiras.

Cada parte da história é ilustrada por um desenhista. 


A série, em três partes, é ilustrada por diversos artistas: Peter Snejbjerg no primeiro número, Michael Zulli no segundo e Steve Geowell no terceiro. Teddy Kristiansen fica responsável por todas as sequências nas quais aparecem as três bruxas. A escolha dos artistas não é aleatória. Peter Snejbjerg é perfeito para a sequência da Idade Média com seu traço limpo e repleto de sombras. Michael Zulli em seu traço rebuscado e cheio de hachuras lembra as litografias do século XIX. E, finalmente, Steve Geowell dá um ar moderno para a terceira parte.

Outro aspecto digno de nota são as capas, de Michael Kaluta. Cada uma delas é focada em uma das três bruxas. Colocadas lado a lado, formam uma imagem só.

Em outras palavras, Bruxaria é uma daquelas séries em que tudo funciona bem, da capa ao roteiro, passando pelos desenhos.

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