Em plena década de 60, o filósofo Marshall McLuhan fez uma previsão curiosa: “ A cidade do futuro, de circuitos elétricos, não será esse fenomenal aglomerado de propriedade imobiliária concentrada ao redor da ferrovia. Ela adquirirá um significado inteiramente novo sob condições de movimentação extremamente rápida. Será uma megalópoles de informação. O que resta da configuração das cidades “anteriores” se parecerá muito com as feiras mundiais – lugares onde se exibem novas tecnologias, não lugares de trabalho ou moradia”. Na época a maioria das pessoas não deu muita bola. Entretanto, a tendência está mostrando que o autor do conceito de Aldeia Global acertou mais uma vez. As cidades do futuro serão megalópoles de informação.
Para entender o que isso quer dizer, é necessário voltar no tempo e entender porque as cidades se formaram.
Os povoados surgiam para suprir algumas necessidades. A primeira delas, a de contato humano. Aristóteles já dizia que o homem é um ser social. Não conseguimos viver sozinhos e a cidade nos permite conseguir facilmente relacionamentos com outras pessoas.
Além disso, as vilas eram os locais onde você poderia encontrar tudo que necessitava. Não é por acaso que muitas surgiram ao redor de feiras, como é o caso de Feira de Santana, na Bahia. Morar próximo ao local em que as pessoas comercializam é a certeza do acesso aos produtos essenciais sem grande gasto de energia.
Muitas cidades surgiam ao redor de ferrovias e portos justamente pela facilidade de acesso ao transporte e aos produtos transportados.
É interessante notar que tudo que os agrupamentos humanos ofereciam (produtos, relacionamento humano, transporte) pode ser considerado informação. Informação é tudo que é novidade, que foge do comum e a cidade era o local onde a informação estava.
Pois bem. Hoje não há mais necessidade de proximidade física para o acesso à informação. Através da internet eu consigo me comunicar com amigos que moram em outros estados com mais facilidade que com pessoas que moram no mesmo bairro. Através das lojas virtuais, é possível comprar qualquer produto e recebê-lo em casa sem precisar se deslocar um único quilômetro.
Até mesmo os produtos estão se tornando virtuais. Os livros, por exemplo. Antes era necessário se deslocar até a livraria. Se a pessoa não morasse em um local que tivesse livraria, precisaria viajar, gastar com a ida e a volta. Hoje basta “entrar” em uma livraria virtual, dar o número do cartão de crédito, receber uma senha e fazer o download.. O processo, da compra ao produto, passando pela transferência de propriedade, é completamente virtual.
Além disso, o próprio ambiente de trabalho está se tornando virtual. Muitas pessoas fazem seu trabalho em casa, enviam pelo computador e recebem pelo banco virtual. Um amigo meu mora no subúrbio de Belém e trabalha para os EUA. E eu mesmo colaboro com publicações nas quais nunca coloquei o pé.
Se não é mais necessário morar na cidade grande para trabalhar, comprar produtos ou ter contato com as pessoas, para que as pessoas enfrentariam engarrafamentos, poluição, violência e todas as coisas negativas das metrópoles?
A tendência, portanto, é que as pessoas comecem a se afastar dos grandes centros, procurando locais que não tenham os problemas das grandes cidades. A cidade irá se dispersar, e cada um que tiver acesso aos meios de comunicação será seu cidadão. As megalópoles serão definidas não mais por suas extensões físicas, mas por sua capacidade de transmissão de informações.
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