Revoltas de robôs são um
tema básico da ficção-científica. Claro que uma série tão ampla como Perry
Rhodan deveria em algum momento abordar o assunto. É o que acontece em O imperador
de Nova York, número 31 da série, escrito por W.H. Shols.
Na história, os saltadores
– adversários que haviam surgido no número 28, Cilada Cósmica – reprogramam os
robôs da terceira potência, fazendo com que eles se revoltem contra os humanos.
Isso cria uma dificuldade a mais numa situação que já tinha duas outras frentes
de batalha (a batalha contra a frota dos saltadores e a batalha no planeta
gelado), o que demonstra a competência do organizador da série àquela altura,
K. H. Scheer.
Shols, o autor deste
volume, tem o irritante hábito de abusar de frases nominais, algo que se repete
à exaustão no volume, a começar pelo início do (“Uma transição no
hiperespaço”), mas, quando não está insistindo nesse cacoete, escreve bem e
sabe trabalhar com o suspense, como no trecho:
- Foi um serviço excelente
– disse Rhodan, elogiando o capitão. Faltou alguns segundos antes da hora. No
mesmo instante veio a reviravolta.
Shols reforça que aquela é
uma ameaça que deixa até mesmo Rhodan receoso. Mas no final, os terranos conseguem
debelar a rebelião dos robôs e o leitor não entende exatamente como isso
aconteceu, até porque são muitas frentes de batalha e nem todas são abordadas. À
certa altura, Rhodan consegue capturar um dos robôs rebelados. A impressão que
se tem é de que ele usará aquele para descobrir uma maneira de reprogramar os
outros robôs, mas isso não acontece.
É curioso hoje observar
como os escritores daquela época - início dos anos 60 – imaginavam o futuro. O
que causa mais estranhesa é o momento em que Rhodan precisa introduzir
informações no computador e faz isso com cartões perfurados. Os caras
imaginaram naves de um quilômetro de diâmetro com uma tecnologia
super-avançada, mas não conseguiram pensar nas utilidades de um teclado.
Em tempo: o título O
imperador de Nova York se refere a um robô que se auto-denomina imperador
(depois se descobre que pelo menos uma dúzia de outros robôs fizera o mesmo).
Como o assunto não é muito explorado, a impressão que fica é de que o autor
pensou primeiro num título de impacto e depois adaptou o livro a ele.
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