segunda-feira, junho 27, 2022

O imperador de Nova York

 


Revoltas de robôs são um tema básico da ficção-científica. Claro que uma série tão ampla como Perry Rhodan deveria em algum momento abordar o assunto. É o que acontece em O imperador de Nova York, número 31 da série, escrito por W.H. Shols.

Na história, os saltadores – adversários que haviam surgido no número 28, Cilada Cósmica – reprogramam os robôs da terceira potência, fazendo com que eles se revoltem contra os humanos. Isso cria uma dificuldade a mais numa situação que já tinha duas outras frentes de batalha (a batalha contra a frota dos saltadores e a batalha no planeta gelado), o que demonstra a competência do organizador da série àquela altura, K. H. Scheer.

Shols, o autor deste volume, tem o irritante hábito de abusar de frases nominais, algo que se repete à exaustão no volume, a começar pelo início do (“Uma transição no hiperespaço”), mas, quando não está insistindo nesse cacoete, escreve bem e sabe trabalhar com o suspense, como no trecho:

- Foi um serviço excelente – disse Rhodan, elogiando o capitão. Faltou alguns segundos antes da hora. No mesmo instante veio a reviravolta.

Shols reforça que aquela é uma ameaça que deixa até mesmo Rhodan receoso. Mas no final, os terranos conseguem debelar a rebelião dos robôs e o leitor não entende exatamente como isso aconteceu, até porque são muitas frentes de batalha e nem todas são abordadas. À certa altura, Rhodan consegue capturar um dos robôs rebelados. A impressão que se tem é de que ele usará aquele para descobrir uma maneira de reprogramar os outros robôs, mas isso não acontece.

A capa original alemã. 


É curioso hoje observar como os escritores daquela época  -  início dos anos 60 – imaginavam o futuro. O que causa mais estranhesa é o momento em que Rhodan precisa introduzir informações no computador e faz isso com cartões perfurados. Os caras imaginaram naves de um quilômetro de diâmetro com uma tecnologia super-avançada, mas não conseguiram pensar nas utilidades de um teclado.

Em tempo: o título O imperador de Nova York se refere a um robô que se auto-denomina imperador (depois se descobre que pelo menos uma dúzia de outros robôs fizera o mesmo). Como o assunto não é muito explorado, a impressão que fica é de que o autor pensou primeiro num título de impacto e depois adaptou o livro a ele.

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