sexta-feira, setembro 30, 2022
Coleção DC 75 anos – a era de prata
Fundo do baú – National Kid
National Kid foi, provavelmente o primeiro super-herói garoto-propaganda. Criado em 1960, o personagem foi uma encomenda da National (atual Panassonic), que pretendia divulgar a marca e aumentar as vendas.
O seriado foi produzido pela Toei Company e teve apenas uma temporada com 39 episódios.
National Kid era um alienígena do planeta Andromeda que vivia na Terra como professor-cientista Massao Hata. Quando jatos abatem um disco voador no qual estavam incas venusianos, o herói percebe o perigo e resolve intervir para salvar a humanidade. Os incas haviam identificado que a humanidade criara a energia nuclear e resolveram invadir o planeta antes que os terrestres efetuassem viagens espaciais.
Com um grande N estampado no peito, o personagem salvava o dia usando apetrechos com uma pistola futurista, que era, na verdade, uma lanterna, e se comunicava através de um radinho de pilha transformado em comunicador. Todos produtos da National, claro.
Os principais vilões eram os incas venusianos, mas ao longo da série surgiram outros, como os seres abissais, que se locomoviam a bordo de um submarino monstruoso que, ao mover suas barbatanas, provocava terremotos.
A abertura da série mostrava o personagem voando com a sua pose característica, com as os braços abertos (uma pose escolhida, provavelmente, por causa do efeito da capa esvoaçante) enquanto um locutor dizia: “Mais rápido que os aviões a jato, mais forte que o aço! Super herói invencível, cavaleiro da paz e da justiça.... National Kid!”.
O seriado fez um sucesso estrondoso no Brasil desde que estreou em 1965, na TV Record. Curiosamente, em nenhum outro país esse sucesso se repetiu. Até mesmo no seu país de origem, o Japão, o herói só teve popularidade mediana.
Blog: um diário intelectual
X-men – O destino da Fênix
No número 135 The Uncanny X-men, a Fênix Negra era mostrada destruindo um Sistema estelar inteiro, como consequência matando bilhões de pessoas. No número 137, John Byrne e Chris Claremont (aparentemente a ideia era de Byrne) pretendiam fechar a saga com Jean Grey perdendo os poderes e se tornando uma pessoa normal.
Jim Shooter viu o que ia ser publicado e ficou indignado. A personagem tinha matado bilhões de pessoas e no final, tudo que acontecia era perder seus poderes. Ele exigia algum tipo de punição. Claremont e Byrne concordaram que o melhor a fazer seria matá-la.
O resultado foi uma das histórias mais célebres dos X-men de todos os tempos e um verdadeiro evento. A Marvel já tinha mostrado personagens importantes morrendo, como a namorada do Homem-aranha, Gwen Stacy. Mas matar uma heroína, e no auge da popularidade? Era algo totalmente inédito.
A morte da personagem é um dos momentos mais dramáticos dos quadrinhos. |
O interessante do encadernado da Panini com a saga é que possível comparar a versão que foi impressa com aquela que tinha sido produzida anteriormente. E o resultado da primeira versão era pífio, muito abaixo de todo o restante da saga da Fênix. Técnicos do império Shiar fazem uma espécie de operação em Jean Grey, tirando dela todo o seu poder, sob protetos de Wolverine e de Cíclope, como se ela estivesse passando por uma grande punição. Era um final totalmente artificial e forçado, considerando-se que todos ali sabiam que ela tinha matado bilhões de pessoas.
Já, ao contrário, o final que foi publicado, tem uma carga dramática impressionante. O império Shiar leva os X-men para a Lua, onde eles são derrotados pela Guarda imperial de Shiar. O trauma de ver Scott tombando faz com que Jean se transforme novamente na Fênix. Para o professor Xavier, a única solução é que os X-men a matem. Mas no final é ela que comete suicídio ao perceber que não poderá controlar a entidade e não poderá se perdoar caso provoque novas mortes. A cena em que ela se suicida, jurando amor ao Cíclope é uma das mais marcantes dos quadrinhos.
Na versão defendida por Byrne, bastava tirar a Fênix de Jean Grey. |
Dessa vez, Jim Shooter tinha toda razão.
PS1 : A saga da Fênix foi um final épico e surpreendente para o que na verdade era uma tentativa de resolver um problema de roteiro. A Fênix se tornara poderosa demais para os X-men, a ponto de torna-los inúteis. De que adiatavam as habilidades acrobáticas de Noturno diante de alguém que podia simplesmente moldar a realidade? O tempo todo Claremont tinha que inventar uma desculpa para que a personagem não pudesse usar totalmente seus poderes. Finalmente, resolveram tirá-la da equipe... e, no processo, criaram uma saga inesquecível.
PS2: Um texto ao final do volume da Panini apresenta uma conversa entre os principais envolvidos na saga da Fênix. Nesse texto é possível perceber que Chris Claremont tinha uma visão muito mais aprofundada da história. Para John Byrne, apenas ocorrera uma espécie de possessão, com Jean Grey sendo dominada por algo totalmente exterior, que a controlava. Na visão de Byrne, bastava tirar essa entidade e Jean poderia voltar à normalidade como a garota feliz que era (ou seja, o final que não foi impresso era a ideia de Byrne). Para Claremont, a Fênix apenas despertou o lado sombrio da heroína, o que gerou todo o drama da história e elevou a saga da Fênix a um nível poucas vezes alcançado nos quadrinhos de super-heróis.
Portal Égua mano destaca trabalho de Gian Danton
O portal paraense Égua mano fez uma matéria dando destaque para meu trabalho com quadrinhos e literatura e fazendo uma retrospectiva de alguns dos meus trabalhos mais famosos na área de quadrinhos. Para conferir, clique aqui.
X-men contra a Irmandade de Mutantes
A Feiticeira Escarlate aparece de verde na capa. |
A Irmandande de Mutantes, um grupo liderado por Magneto que
tem como objetivo conquistar a humanidade, surgiu no número quatro da revista
X-men.
Hoje em dia essa edição parece muito curiosa, a começar pela
capa, na qual a Feiticeira Escarlate aparece de... verde! Sim, o colorista
errou a cor do uniforme da moça e ninguém na redação percebeu. E estamos
falando de uma personagem cuja cor é tão importante que aparece até no nome. Outro
aspecto curioso é o fato de tanto a Feiticeira quanto Mercúrio aparecerem como
vilões nessa história, eles que depois se tornariam heróis e fariam parte dos
Vingadores.
O Homem de Gelo parecia um boneco de neve. |
A história começa com os X-men treinando na Sala do Perigo. Mais
uma curiosidade: O Homem de Gelo parece ter o corpo formado por neve, e não
gelo, e usa botas! O resultado é ridículo como se fosse um boneco de neve feito
por uma criança. Essa sequência termina com um bolo, que a Garota Marvel tira
da caixa com seus dons telecinéticos e Cíclope corta com os raios saídos de
seus olhos.
Se o clima entre os X-men é de confraternização, na
Irmandade de Mutantes é de conflito aberto. Mercúrio reclama que Groxo se
comporta na mesa como um porco e o Mestre Mental assedia a Feiticeira.
Os X-men confraternizam. A Irmandade dos Mutantes briga. |
Mas, apesar das brigas, o grupo tem um plano: conquistar a
pequena república de Santo Marco. Para isso eles usam um navio roubado por
Magneto e as ilusões do Mestre Mental, que faz aparecer diante dos assustados
nativos um exército com milhares de homens. Há aqui, um outro aspecto que hoje
parece extremamente incoerente: o exército invasor usa uniformes parecidos com
os de nazistas, com a suástica substituída por um M de Magneto. Se lembrarmos
que Chris Claremont iria estabelecer Magneto como um judeu, vítima de nazistas
na II Guerra, essa sequência é muito estranha.
Os soldados de Magneto usavam uniforme nazista. |
Claro que os X-men aparecem para acabar com a festa e aqui
temos mais um problema. À certa altura o Fera coloca fora de combate dois
soldados de Magneto, mas é derrubado por Groxo, ficando pendurado nas paredes
so castelo. Para tentar se livrar do atacante, o Fera joga pedras nele, mas
Stan Lee parece não ter entendido a imagem, em especial as linhas cinéticas, e
escreve os diálogos como se o oposto estivesse acontecendo: “Ele é muito forte!
Vou jogar essas pedras para evitar que ele suba até o topo!”.
Groxo está desviando das pedras, mas o texto dá a entender que ele está jogando as pedras no Fera. |
Parece que naqueles primeiros números dos mutantes ninguém
parecia saber exatamente o que estava fazendo.
quinta-feira, setembro 29, 2022
Abapuru e Monteiro Lobato
O problema é que um desinformado resolveu colocar Monteiro Lobato na história. Segundo ele, o internauta que chamara Abapuru de "merda" estava apenas refletindo a opinião já exposta anteriormente por Monteiro Lobato.
Foi o suficiente para a tag Monteiro Lobato chegar aos TTs e para mostrar como a esquerda pode ter tão analfabeta quanto a direita.
A tag teve de tudo, de gente dizendo que o Abapuru foi pintado por Anita Malfatti a gente dizendo que Lobato era inimigo do casal Oswald-Tarsila e até acusações de pedofilia.
Lobato era amigo íntimo de Oswald de Andrade e de sua esposa. Lobato era editor de Oswald e de vários outros modernistas. Lobato nunca criticou o Abapuru. Seu único texto sobre a semana de arte moderna, foi elogiando a semana e elogiando o gênio de Oswald (o que provocou ciúmes no Mário de Andrade). Aliás, Oswald queria que Lobato fosse o patrono da semana - acabou perdendo para Mário, que preferia Osvaldo Aranho.
Aliás, Abapuru foi pintado depois que Tarsila fez uma visita às cidades históricas de Minas Gerais e, encantada com o que viu, deixou de imitar a arte européia e passou a buscar uma arte tendo como referência a cultura nacional... que era exatamente a proposta de Monteiro Lobato para arte brasileira.
Território Lovecraft
Júlio Verne, o viajante das idéias
Os quadrinhos de faroeste
Vingadores contra o Fantasma do Espaço
O lançamento da revita dos Vingadores foi uma verdadeira sensação entre os fãs. Afinal, eram alguns dos principais heróis da Marvel reunidos. Mas depois da edição de estreia, em que o grupo lutou contra Loki, Stan e Jack Kirby precisavam de um inimigo à altura.
No número dois de The Avengers o grupo enfrenta um extraterrestre chamado Fantasma do Espaço, dono de um poder realmente impressionante: tomar o lugar de qualquer pessoa, enquanto essa pessoa é enviada para o vácuo. Ele pretende usar esse poder para derrotar os Vingadores colocando um contra o outro e, assim, abrir caminho para uma futura invasão extraterrestre.
Mas o fantasma do espaço é muito burro. Logo no início da história ele diz que sabe que Tony Stark é na verdade o Homem de Ferro. “Eu sei o segredo de todos eles, afinal, estou observando-os há meses!”.
Chegando à mansão, ele toma o corpo do Hulk e ataca os outros, com a intenção de causar desunião no grupo de heróis.
O problema é quando ele sai e encontra com Rick Jones e não o reconhece. “Sou eu, Rick Jones, o garoto que salvou a sua vida. O cara que se certifica que você consiga voltar a ser o Dr. Bruce Banner”. Ao que o alienígena pensa: “Então... o Hulk tem outra identidade?”. Ele estava observando o grupo há meses, mas não sabia que Bruce Banner era o Hulk? Não sabia da amizade com Rick Jones?
Hulk não gosta de reuniões. |
Não bastasse isso, ele também se revela como um alienígena que tomou o corpo do Hulk e faz até uma demonstração – o que inclusive vai provocar sua derrota lá na frente.
Parecia que o vilão tinha algum tipo de compulsão suicida que fazia com que ele criasse as situações de seu próprio fracasso.
Além disso, é muito curioso, hoje em dia, ver o Hulk soltando esse tipo de péroloa: “Agora que a turma toda tá aqui, o que a gente faz? Não tô no clima pra brincar de beijo, abraço, aperto de mão!”.
Era uma época de quadrinhos mais ingênuos, mas divertidos.
Jornada nas estrelas – Não há beleza na verdade?
Na Terceira temporada, Jornada nas Estrelas estava para ser cancelada e faltava dinheiro para a produção. A solução era produzir histórias que aproveitassem os cenários já existentes. Dessa limitação orçamentária surgiu aquele que é certamente um dos melhores de toda a franquia. Trata-se de “Não há beleza na verdade?”, escrito por Jean Lisette Aroeste.
Na trama, a Enterprise recebe a
missão de levar o embaixador medusiano Kolos. Os medusianos, embora tenham
alcançado um elevado nível espiritual e intelectual, são seres tão feios que
sua simples visão pode provocar loucura em um ser humano.
Os únicos seres humanoides capazes
de suportar a visão de um medusiano são os vulcanos, mesmo assim apenas com o
uso de óculos especiais.
Curiosamente, a assessora do
embaixador é uma humana, Miranda Jones, uma telepata que estudou disciplina
mental no planeta Vulcano.
A trama de fato se desenrola quando
um homem, que é apaixonado por Miranda, tenta matar o embaixador e, no
processo, enlouquece. Totalmente fora de si, ele toma o controle da nave e a
leva para um local não mapeado do espaço. A única maneira de retornar é Spock
realizar o elo mental com o embaixador, absorvendo as habilidade de navegação
dos medusianos. Mas no processo ele se torna vítima do ciúmes de Miranda, que
se apaixonou por Kolos.
O episódio tem pouca ação, acontece
todo dentro da Enterprise, e é todo calcado nos excelentes diálogos, como o do
jantar ou quando Kirk leva Miranda para conhecer a floricultura da nave. Os efeitos
especiais são os mais pobres possíveis: o embaixador é carregado em uma caixa
que quando aberta emite luzes caleidoscópicas, um recurso que,
surpreendentemente funciona muito bem, graças especialmente à ótima atuação de
Leonard Nimoy.
A grande discussão por trás do espisódio
já pode ser entrevisto no título: o que é de fato a beleza? Uma criatura
extremamente feia pode, no fundo, ter uma alma bela, enquanto que alguém
aparentemente bonito, pode ter uma alma feia? O episódio nos alerta para não
confundirmos aparência com essência.
quarta-feira, setembro 28, 2022
Quais foram as descobertas da ciência nazista?
Os comícios nazistas
Doutor Estranho e Doutor Destino: Triúnfo e tormento
O desenho de Mignola é perfeito para a história. |
A incrível arte dinâmica de Leinil Francis Yu
Leinil Francis Yu é um artista filipino de quadrinhos cujo estilo ele mesmo define como dinâmico pseudo-realista. Ele começou sua carreira nos comics trabalhando para a Wildstorm e depois fez trabalhos para a Marvel e DC.