No número 84 da revista The Brave And The Bold, o cavaleiro
das trevas se encontrou com o herói da II Guerra Mundial, Sargento Rock.
Encontro de personagens de eras diferentes podem parecer
absurdas, mas nas mãos de roteiristas competentes, podem gerar histórias memoráveis,
como o encontro do Homem-aranha com Sonja na revista Marvel Team-Up 79, com
roteiro de Chris Claremont e desenhos de John Byrne. A dupla conseguiu explicar
perfeitamente esse encontro inusitado.
Acontece que Bob Haney, o roteirista de The Brave and the
bold, não era Chris Claremont e, apesar do desenho inspirado de Neal Adams, o
resultado é sofrível.
A história começa com uma sequência confusa, em que o leitor não consegue distinguir passado de presente.
A história começa em 1969, no Museu de Gotham. Um homem que
parece ser o diretor do Museu mostra para Bruce Wayne uma estátua: “O arcanjo
Gabriel, que na Segunda Guerra Mundial, foi contrabandeado da frança ocupada
pelos nazistas para ficar seguro aqui. Finalmente alguém ligou reclamando a estátua”.
Mas Bruce Wayne esclarece que o verdadeiro arcanjo nunca saiu da frança, o que
significa que a estátua é falsa.
Tudo bem que Batman é o maior detetive do mundo, mas ele saber mais sobre os objetos de arte do que um diretor de museu, que teoricamente é alguém especializado no assunto? Parece que Bruce Wayne tirou essa conclusão da mesma forma que um mágico tira um coelho da cartola.
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Uma sequência de ação totalmente desnecessária. |
Mas calma, leitor, isso é só o início. Bob Haney ainda vai
aprontar muita confusão.
Logo depois os dois são atacados por um alemão, que atira no
diretor do museu e ameaça Wayne. Logo depois, na mesma página, o alemão
desaparece e alguém chamado Digby dá um soco em Bruce Wayne. Isso é um flash
back, mas não há qualquer indicação disso e, como a sequência começa no meio da
ação,a tendência do leitor é achar que se trata de uma continuação dos fatos
mostrados anterioremente. Esse flash back mostra Bruce Wayne em Londres, na época
da II Guerra Mundial, exatamente com a mesma cara da sequência do presente – ou
seja, ele não envelheceu nada em quase 25 anos!
Bruce Wayne é incubido pelo governo inglês de ir à França
ocupada descobrir um plano secreto dos alemães para parar a invasão da
normandia. O playboy vai no mesmo avião que a companhia Moleza, do sargento
rock, numa sequência de ação totalmente desnecessária, em que ele pula de uma
moto diretamente na porta do avião e é agarrado pelo sargento.
Bruce Wayne descobre o plano dos nazistas: dedução ou super-poderes?
Na França, Bruce Wayne entra num castelo ocupado pelos
nazistas e descobre que o plano dos mesmos tem algo a ver com garrafas de
vinho. Descendo à adega, ele percebe que as garrafas estão vazias. Mas olhando
bem ele descobre que na verdade elas estão cheias de gás dos nervos!
Mais uma vez o maior detetive do mundo faz suas deduções da
mesma forma que um mágico tirando um coelho de uma cartola. Como ele chegou à
conclusão de que as garrafas estão cheias de gás dos nervos sem sequer analisar
o conteúdo? Ele tem algum poder sobrenatural que faz com que seus olhos
consigam analisar moléculas? Bob Haney diria: “não importa!”.
Para piorar, quando a história volta ao presente, Sargento
Rock aparece do nada para salvar Bruce Wayne (o que já é um tremendo deus ex
machina) e ele está envelhecido! O tempo passou para o Sargento Rock, mas não
para Wayne?
Neal Adams imita o estilo de Joe Kubert.
Bob Haney coloca o batman para narrar a história, mas isso se
torna totalmente desnecessário, pois a narração sequer ajudar o leitor a compreender
essa história extremamente confusa.
No final, a HQ vale mesmo pelo desenho de Neal Adams, que, além
de dar o seu show habitual, ainda imita o estilo de Joe Kubert nas sequências
em que aparece a companhia moleza (Kubert foi o desenhista oficial do Sargento
Rock por anos).
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