O principal motor do primeiro ciclo da série Perry Rhodan é
o encontro dos arcônidas Crest e Thora na Lua. E durante anos os dois
insistiram para que Perry Rhodan os levasse de volta ao seu planeta natal,
Árcon. Entretanto, sempre ocorria algo que atrasava esse retorno. Quando
finalmente isso acontece, no número 38 da série, acaba se revelando uma
decepção.
A importância desse volume é destacada até mesmo no texto:
“Rhodan não quis arriscar-se que nesse momento importante, talvez o mais
importante da história da humanidade, um dos homens perdesse os nervos”. Em, em
outro trecho: “Rhodan sentia-se dominado por um certo nervosismo, que procurou
ocultar aos outros. Ali se estendia diante dele o coração do Grande Império, a
organização mais poderosa da história galáctica conservada na memória dos
homens”.
Na história, Rhodan usa a Ganymed, uma nave tomada dos
saltadores para ir até o Árcon. “Se resolvo fazer uma visita a um certo Mr.
Thompson, que nunca vi, não usarei o terno que já foi dele, dizendo
simplesmente que posso ficar com ele por tê-lo tirado de outra pessoa. Isso
seria contrário às regras da diplomacia”, diz Rhodan, explicando porque não
usaram a Stardust.
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A capa original alemã. |
Mas, apesar dessa precaução, a recepção é fria, apesar do
fato de Thora e Crest serem da família imperial. Árcon envia uma nave para
rebocá-los a um dos planetas periféricos. “Quem imaginaria uma coisa destas!
Esperávamos uma marcha triunfal e estamos sendo rebocados que nem um
calhambeque”, reclama Bell.
A razão é que o imperador de Árcon fora substituído por
cérebro eletrônico, de modo que todos da família imperial caíram em
desgraça.
Claro que isso é um artíficio narrativo. Se fossem recebidos
como amigos em Árcon por um parente de Crest e Thora, a história da série
praticamente sofreria uma paralisação, ou perderia o interesse. Ao colocar um
computador frio e calculista no domínio do império, K.S. Scheer, o responsável
pelo plot da série nesses primeiros ciclos, criou o gancho para dezenas de
histórias, nas quais Rhodan luta contra o computador regente de Árcon. Aliás,
nesse sentido, o volume é tão importante que, se os autores já tivessem naquela
época, noção da longevilidade da série, esse volume seria o início de um ciclo.
Apesar de acontecer muito pouca coisa, essa edição
específica vale principalmente pelos detalhes a respeito da cultura arcônida,
destrinchada desde aspectos linguísticos até arquitetônicos. “Para indicar sua
graduação, Novaal usou a palavra reekha, que na língua deles significa
dirigente. No meu tempo esse título não existia. Quem realmente chefiava uma
nave de guerra era um has´athor, isto é, um almirante, ou simplesmente o verc
athor, que vem a ser comandante”, explica Crest à certa altura.
Também é explicado que os prédios arcônidas são construídos
na forma de funil invertido, forma considerada ideal para manter a privacidade.
Algo muito curioso nesse volume é que os decandentes
arcônidas são retratados como romanos. Uma dessas características em comum: os
arcônidas passam a maior parte do tempo deitados, o que mostra a decadência e
falta de ânimo dos mesmos. Na Roma antiga os patrícios faziam até refeições
deitados. Aliás, Árcom, tirando a letra
C torna-se um anagrama de Roma. Coinscidência?
O volume é escrito por Kurt Mahr, o autor mais fraco dessa
primeira fase, mas à essa altura ele já lapidara muito o seu texto, evitando,
principalmente, as descrições confusas que constumavam dominar sua narrativa.
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