Em dezembro de 1980 Frank Miller ainda era um desconhecido. Ele
só se tornaria uma estrela da indústria a partir do ano seguinte, quando
passaria a não só desenhar, mas também escrever o título do Demolidor. Mas
nesse mês ele mostrou todo o seu talento como narrador visual numa história do
Homem-aranha escrita por Chris Claremont e publicada em Marvel Team Up 100.
Na história o aracnídeo está se balançando entre os prédios
de Nova York quando sente alguém se apossando de sua mente. Essa sequência
mostra a grande capacidade narrativa de Miller. O desenhista usa cinco quadros
verticais, que destacam o efeito de queda. No primeiro, aparece uma mulher
misteriosa, em meio às sombras num belo trabalho de constraste que depois
Miller iria aperfeiçoar em trabalhos como Sin City.
Miller já se mostrava um mestre da narrativa.
Nos dois quadros seguintes vemos o herói, transtornado,
caindo, com a rua ao fundo. Então a imagem volta para a mulher misteriosa no
escuro, que pensa: “Há muito em jogo! Eu preciso possuir sua mente... e vou
conseguir”.
No último quadro vemos o herói se agarrando a uma beirada de
prédio.
A personagem finalmente domina não só a mente do herói, como
consegue usar seus poderes. Seu plano, aparentemente, é entrar em uma festa
beneficiente para sequestrar duas crianças – depois descobrimos que ela quer,
na verdade, salvar as crianças.
O herói entra em rota de colisão com o Quarteto.
Acontece que o Quarteto Fantástico é convidado da festa e
isso cria uma luta titânica entre o grupo de o aracnídeo cuja mente está
dominada.
A história avança incluindo uma situação em que outro
personagem domina a mente do Quarteto e coloca os quadro para lutarem contra o Aranha.
Uma das características do método Marvel é que os desenhistas
tinham muita liberdade de interferir nas histórias e na forma como elas eram
narradas. Isso fica muito óbvio nessa história, que conversa com o gênero
policial, algo que foge do estilo de Claremont.
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