Quando começou a escrever Conan, Roy Thomas passou a colecionar livros de espada e magia “tão rápido quanto eles eram impressos”. Entre os vários personagens, um dos que mais chamaram sua atenção foi Elric de Melniboné, do autor britânico Michael Moorcock. O roteirista pensou: por que não promover um encontro de Elric com Conan? Os dois eram extremos opostos em tudo. Conan é forte, musculoso, Elric magro e fraco. Conan odeia magia, Elric é um mago.
Munido de uma tremenda cara de pau, Thomas escreveu para Moorcock
perguntando se ele topava escrever uma história promovendo o encontro dos dois
personagens por um valor irrisório. Surpreendentemente, o autor inglês topou. Na
verdade, como Thomas descobriria depois, a história foi escrita por um amigo de
moorcock, Jim Catwthorn. Mas mesmo assim era uma oportunidade incrível de unir,
numa revista ainda incipiente, que lutava contra o cancelamento, dois dos mais
importantes personagens do gênero.
A história começa com uma donzela em perigo.
Essa história, roteirizada por Thomas e desenhada por Barry Smith
foi publicada em Conan the barbarian 14 e 15.
A trama, como uma boa história de espada e magia, começa em
plena ação: uma mulher está sendo perseguida por cavaleiros misteriosos e Conan
resolve intervir. Ao salvá-la, descobre que se trata de Zephra, filha do
feiticeiro Zukhala. Conan havia enfretado o feiticeiro no número 5 da revista e
a garota se apaixonara por ele.
Dois heróis se encontram? É briga na certa!
Mas, depois da desconfiança inicial, Conan descobre que zukhala está mudado. Ele não tem mais seus poderes, que usava para aterrorizar aldeões. E sua índole também mudou. Seu objetivo agora é salvar dois mundos da feitiçaria da Imperatriz Verde, uma antepassada de Elric que aterrorizara Melniboné e fora trancafiada num castelo no fundo de um lago. Em troca de ouro, Conan deverá impedir que ela seja despertada.
Claro que Conan e Zaphira vão se encontrar com Elric, que está
indo para o mesmo lugar, o que inicialmente coloca os dois em combate, em
consonância com a regra de ouro da Marvel: sempre que dois heróis se encontrem
pela primeira vez eles devem lutar. Mas logo eles unem forças para impedir a
destruição de dois mundos.
A primeira aparição da Imperatriz.
O ápice da história é quando eles entram no castelo e
encontram o feiticeiro Kulan-Gath promovendo um feitiço que irá despertar a
Imperatriz Verde. Thomas joga muito bem com o suspense e Barry Smith cria uma
batalha realmente empolgante. A página em que ela surge pela primeira vez é
impressionante. Barry Smith consegue fazê-la linda e ao mesmo tempo aterrorizante,
os pés delicados, a expressão de ódio, as mãos como garras. O texto de Thomas
destaca ainda mais o momento: “Temam como nunca dantes, mortais... pois, em
meio ao fulgor verdejante, uma tumba ancestral está desmoronando. Enfim ela
ressuscitou! Terhali, a imperatriz verde e melniboné... reviveu!”.
Uma curiosidade é que na época, nas edições de bolso lançadas
nos Estados Unidos, elric aparecia um chapéu cônico nas capas e os dois autores
colocaram o personagem usando esse chapéu na história. Só anos depois Roy
Thomas descobriu que Moorcock odiava esse chapéu, uma invenção dos editores
americanos. Mas aí já era tarde demais.
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