No ano de 2002 eu lecionava em faculdades particulares e uma coisa me incomodava: a ênfase excessiva no cumprimento de prazos acadêmicos.
Nos questionários aplicados
aos alunos no final de semestre havia diversas perguntas do tipo: “O professor
começa e termina a aula no horário correto?”; “O professor entrega as notas no
prazo” etc.
Mas não havia uma única
pergunta sobre se o professor dominava o conteúdo ou se tinha didática para
ensinar esse conteúdo. O bom professor era, rigorosamente o que cumpria todas
as regras burocráticas, por mais que não soubesse nada do assunto ou não
tivesse a menor noção de metodologia educacional.
Na época eu vira um ótimo professor ser demitido por, por exemplo, chegar atrasado para a aula. Esse mesmo professor tinha uma produtora e continuamente levava seus alunos para lá e passava muitas vezes a madrugada com eles filmando ou editando. Mas para a direção só o que contava era o que ele fazia na sala e no horário de aula.
Nessa época, uma das
faculdades em que eu trabalhava assinava a revista Educação, da editora
Segmento. Resolvi escrever um artigo sobre o assunto e mandei para a
publicação. Para minha surpresa, ela foi publicada na última página da edição
68, um espaço privilegiado reservado a artigos de opinião.
O editor escolheu um trecho
interessante do artigo para o destaque gráfico: “Aprender também pode
significar ter de mudar os modelos mentais preestabelecidos de que só se
aprende em sala de aula”.
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