Will Eisner era um narrador tão bom que conseguia fazer qualquer assunto, até uma prosaica reunião familiar, tornar-se uma HQ impressionante. Esse é exatamente o tema de Assunto de família, lançado no Brasil pela Devir em 2009.
Um
homem de 90 anos vai fazer aniversário e a filha que cuida dele manda convites
para todos os outros filhos. Nós acompanhamos cada um deles se arrumando para
ir à festa e, no processo, conhecemos um pouco sobre cada um: o pilantra que
arriscou todo o seu dinheiro numa companhia de petróleo e pode perder tudo; a
senhora que casou por interesse e domina o marido; a garota bonita que tentou
ser modelo e não conseguiu e agora vive com um bêbado...
Os
personagens vão desfilando pelo leitor, que vai conhecendo suas personalidades,
histórias de vida e principalmente, a razão pela qual a maioria está indo para
a festa: o velho tem uma herança, que pode mudar a vida de todos.
A
festa, como era de se esperar, acaba se tornando uma luta de egos e de
interesses. Eisner usa um recurso interessante: quando cada um deles encontra
com o pai, balões de pensamento trazem pequenos flashs deles com o genitor. Em outro
momento, focado no pai, a narrativa é divida em dois, com presente à esquerda e
passado à direita.
Mais
do que uma leitura viciante, Assunto de família é uma verdadeira aula de
narrativa sequêncial.
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