sábado, março 25, 2023

Pantera Negra – Pranto de uma nação condenada



Ali por meados da década de 1990, a editora Globo começou a publicar material Marvel que não estava sendo aproveitado pela editora Abril. Entre esses materiais, um que merece destaque: a minissérie do Pantera Negra em quatro partes, publicada aqui em duas partes.

Escrita por Peter B. Gillis e desenhada por Denys Cowan, a HQ tinha um contexto nitidamente político: o regime de segregação racial implantado pelos colonizadores brancos na África do Sul (cujo nome foi mudado para azânia na história).

A HQ inicia com uma cena de tortura. 


A história começa com um rebelde sendo espancado por guardas. Ele reza: “Ó grande espírito da Pantera, ouça minhas preces e me liberte!”.

Essa sequência é entremeada com outra, na qual  o Pantera Negra enfrenta um rinoceronte e, surpreendentemente, é atacado por duas panteras. Nna mitologia de Wakanda, esse fato demonstra que o espírito do pantera o deixou – o que fato acontece: o deus de wakanda encarna no homem que estava preso e passa matar diversas pessoas do regime racista.

Cowan faz o rosto do herói como se fosse uma pantera mesmo. 


Esses dois fatos provocam uma dupla crise: por um lado, o fato de aparentemente não ter mais o espírito do pantera faz com que T´challa perca sua autoridade e tenha seu trono ameaçado. Por outro lado, os ataques às autoridades da Azania faz com que os governantes do país acreditem que o Pantera Negra está interferindo na política do país.

A Azânia chega a enviar um grupo de heróis chamados Supremacistas para aprisionar o Pantera Negra e quando isso falha, decidem tirar a nação do mapa com uma bomba nuclear.

Cowan revela influência de Frank Miller. 


O roteiro de Peter Gillis consegue trazer um fato real para a HQ, criando um eco político para a história, mas falha, por exemplo, ao mostrar como o herói vence os supremacistas. O maior problema da história foi ter mostrado o espírito da pantera como algo real, palpável, tirando todo o mistério por trás desse deus.

Já os desenhos de Cowan talvez sejam a parte mais interessante dessa série. Ele começa inseguro, mas vai aos poucos ganhando confiança e chega a fazer sequências que lembram até mesmo Frank Miller. Além disso, ele se destaca por usar as sombras do rosto do herói para fazer com que a máscara se pareça de fato com a face de uma pantera – algo que não vi mais ninguém fazer.

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