Ali por meados da década de 1990, a editora Globo começou a
publicar material Marvel que não estava sendo aproveitado pela editora Abril. Entre
esses materiais, um que merece destaque: a minissérie do Pantera Negra em
quatro partes, publicada aqui em duas partes.
Escrita por Peter B. Gillis e desenhada por Denys Cowan, a HQ
tinha um contexto nitidamente político: o regime de segregação racial implantado
pelos colonizadores brancos na África do Sul (cujo nome foi mudado para azânia
na história).
A HQ inicia com uma cena de tortura.
A história começa com um rebelde sendo espancado por guardas.
Ele reza: “Ó grande espírito da Pantera, ouça minhas preces e me liberte!”.
Essa sequência é entremeada com outra, na qual o Pantera Negra enfrenta um rinoceronte e,
surpreendentemente, é atacado por duas panteras. Nna mitologia de Wakanda, esse
fato demonstra que o espírito do pantera o deixou – o que fato acontece: o deus
de wakanda encarna no homem que estava preso e passa matar diversas pessoas do
regime racista.
Cowan faz o rosto do herói como se fosse uma pantera mesmo.
Esses dois fatos provocam uma dupla crise: por um lado, o
fato de aparentemente não ter mais o espírito do pantera faz com que T´challa
perca sua autoridade e tenha seu trono ameaçado. Por outro lado, os ataques às
autoridades da Azania faz com que os governantes do país acreditem que o
Pantera Negra está interferindo na política do país.
A Azânia chega a enviar um grupo de heróis chamados
Supremacistas para aprisionar o Pantera Negra e quando isso falha, decidem
tirar a nação do mapa com uma bomba nuclear.
Cowan revela influência de Frank Miller.
O roteiro de Peter Gillis consegue trazer um fato real para a
HQ, criando um eco político para a história, mas falha, por exemplo, ao mostrar
como o herói vence os supremacistas. O maior problema da história foi ter
mostrado o espírito da pantera como algo real, palpável, tirando todo o mistério
por trás desse deus.
Já os desenhos de Cowan talvez sejam a parte mais
interessante dessa série. Ele começa inseguro, mas vai aos poucos ganhando
confiança e chega a fazer sequências que lembram até mesmo Frank Miller. Além disso,
ele se destaca por usar as sombras do rosto do herói para fazer com que a máscara
se pareça de fato com a face de uma pantera – algo que não vi mais ninguém
fazer.
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