quarta-feira, setembro 06, 2023

Um homem chamado Nova!

 



Entre os vários personagens da Marvel apresentados no Brasil pela RGE, certamente um dos que mais chamaram a atenção dos leitores foi Nova, criado por Marv Wolfman e Len Wein (com uniforme definitivo idealizado por John Romita).

O personagem, surgido em 1976 já com título próprio, foi pensando como um Homem-aranha com toques de ficção científica.

Essa mistura já era óbvia na primeira página da revista de estréia. A imagem mostrava uma nave singrando o espaço enquanto o texto dizia: “Gravação de registro dados 409: Não consigo me mover, meus braços e pernas foram esmagados por Zoor. Mas ainda preciso persegui-lo... aos confins da galáxia se for preciso”.

A página inicial sintetiza todos os elementos da série. 


Logo abaixo, numa grande cena de impacto, vemos um garoto franzino perdendo a bola de basquete para uma garota. O texto, criativo, conversava com o leitor: “Onde você estava ontem às 16h15? Se estava tomando sorvete de morango com refri no salão das delícias do Tio Calda, havia chance dessa história ser sobre você!”. E continuava:  “Contudo, no infortúnio de você não ter sido sortudo o bastante para estar lá, nós, da Marvel, sugerimos que se sente numa poltrona confortável, tire os sapatos e aproveite a eletrizante origem do novo herói mais espetacular sobre o qual você já teve o privilégio de ler... Nova!”.

Só nessa única página temos todos os elementos que fariam a fórmula de sucsso do personagem: o enredo de ficção científica, o protagonista azarado, vítima de bullying o texto divertido e a identificação com o leitor adolescente.

O protagonista é vítima do valentão da escola. 


O protagonista era um garoto de 17 anos, Richard Rider, que recebe poderes de um ser espacial para combater um vilão espacial que destruiu o planeta do Nova original e pretende conquistar a Terra.

A série era tão calcada no Homem-Aranha que Marv Wolfman até se permite um momento de metalinguagem em um balão de pensamento enquanto o herói enfrenta Zoor, o conquistador: “Sou super-herói há cinco minutos e já faço frases de efeito que nem o Wood Allen! Acho que lá no fundo há algo de tão bizarro e artificial em ter poderes especiais que você tem que fazer piadas durante as lutas”. O comentário é, sem dúvida, uma referência ao costume do aracnídeo de sempre fazer comentários jocosos enquanto troca socos com algum vilão.

A forma como era mostrado o herói voando era inovadora. 


Algo interessante no personagem, introduzido por John Romita, é a forma como ele é mostrado voando. A parte de baixo de seu corpo desaparece e no lugar surge um rastro de luz amarela. Nenhum outro personagem voador havia sido mostrado nos quadrinhos dessa forma. O efeito é impressionante.  

No Brasil esse personagem era carinhosamente conhecido pelos leitores como "Cabeça de balde".

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