Algo que só grandes roteiristas conseguem é escrever
histórias que se passem num local fechado, com poucos personagens. Giancarlo
Berardi consegue isso com maestria na história O elevador, publicada no Brasil
no número 53 da revista As aventuras de uma criminóloga.
Na trama, é o último dia de funcionamento da Receita antes
de férias coletivas para dedetização do prédio. Júlia recebeu uma notificação e
acorre ao local, chegando um pouco antes do fechamento, só para descobrir que
errou o mês.
Ao tentar retornar para casa, ela fica presa no elevador com
um dos contadores que trabalham no local. como o prédio foi totalmente
esvaziado e nenhum dos dois tem um celular, eles poderão ficar presos no local
até morrer de fome.
O roteiro foca na relação entre os dois, uma relação
inicialmente superficial, de dois desconhecidos que se vêem de repente presos
no mesmo local, depois de cooperação e, finalmente, quando todas as tentativas
de fuga falham e eles estão afetados psicologicamente, de conflito.
Uma grande sacada da história é mostrar, em vários momentos,
o poço do elevador. Isso dá ao leitor a sensação de claustrofobia que os
personagens estão sentindo, além de aumentar o suspense.
As imagens do poço do elevador ajudam a criar a sensação de claustrofobia. |
Lá pelas tantas o homem com quem Júlia está presa começa a
lhe contar como planejou e executou um assassinato. Isso gera mais uma camada
de interesse no leitor: ele está mentindo, apenas inventando histórias para
passar o tempo ou está dizendo a verdade, e, nesse caso, Júlia corre perigo?
Berardi conecta muito bem esses elementos ao mesmo tempo em
que cria uma narrativa paralela nos quais os amigos de Júlia tentam descobrir o
que aconteceu com ela. Conseguirão eles chegar a tempo de salvá-la?
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