sábado, outubro 28, 2023

X-men – A segunda gênese

 


Na metade da década de 1970 a Marvel resolveu dar mais uma chance para o grupo de mutantes, com uma nova formação composta por integrantes de vários países do mundo. Inicialmente a ideia era colocar heróis de países em que a Marvel vendia bem, mas ao longo do processo a ideia mudou e entraram personagens da África (tempestade) e até Rússia (Colossus).

Essa geração, que de fato levaria o título a se tornar um sucesso surgiria em 1975, em Giant-size X-men 1.

Len Wein, que era o editor a revista, escreveu o primeiro número, já pensando em entregar a bomba para um ex-estagiário da casa, Chris Claremont, e a história foi ilustrada por Dave Cockrum, responsável pelo visual dos novos personagens.

Na trama, os X-men originais vão até uma ilha em busca de um mutante descoberto pelo cérebro. Algo acontece e quando percebe, Cíclope está de volta ao jato. Ele volta para a escola e busca a ajuda do professor, que decide reunir o máximo de mutantes que conseguir para descobrir o que aconteceu com os X-men.

O início, com Noturno sendo perseguido, deixa claro o mote da nova série: os X-men serão párias da sociedade. 


A história começa exatamente com essa busca (as razões da busca são contadas em flash back) em uma sequência que certamente chamou a atenção dos leitores: Noturno sendo perseguido por uma turba que o considera um demônio. Já estava ali, naquela primeira sequência, uma das razões pelas quais essa nova formação se tornaria um sucesso: a ênfase no tema preconceito. O texto de Wein destaca essa esse aspecto. “São capazes de queimar a cidade inteira para me pegar!”, pensa o personagem. “E por quê? Só me aproximei deles para aprender... mas até agora só recebi lições de violência cega e gratuita!”.

Outro momento de destaque é a primeira aparição de Ororo. Africanos se aproximam de um portal e imploram ajuda. Mais uma vez, Wein mostra por que era considerado um dos melhores autores da década de 1970: “Em meio ao troar dos trovões e do lamento de ventos solitários... a deusa da tempestade aparece”.

A primeira aparição de Tempestade é um dos grandes momentos da história. 


Essa nova formação tinha problemas óbvios: Wolverine, Solaris e Pássaro Trovejante são praticamente o mesmo personagem, a ponto de até falarem de forma semelhante. Como uma decisão acertada, Claremont fará com que Solaris saia da equipe logo na segunda aventura e Pássaro Trovejante morre pouco depois, o que irá permitir que Wolverine ganhe destaque.

A trama é bem bolada: os X-men originais haviam sido aprisionado por uma ilha inteira, que, em decorrência de explosões atômicas, havia criado uma consciência coletiva e se alimentava de mutantes (razão pela qual Cíclope fora solto: o objetivo era fazer com que ele trouxesse mais “alimento”), mas, apesar de todo o brilho de seu texto, Wein nitidamente está preguiçoso. No auge da luta dos X-men contra a ilha viva, ele escreve: “Meras palavras não poderiam descrever a selvageria da batalha que se segue... por isso nem vamos tentar!”. Era óbvio que ele estava só cumprindo tabela e pretendia entregar o título para o iniciante Claremont o mais rápido possível.

Os mutantes enfrentam uma ilha viva. 


Ainda assim, foi um início promissor, que chamou atenção finalmente para os X-men. Posteriormente o amor de Chris Claremont pelos personagens faria com que as vendas aumentassem cada vez mais – até a entrada de John Byrne. Juntos, Claremont e Byrne transformariam os mutantes nos personagens mais populares da Marvel.

Um tempo: uma personagem que eu lamentei que Claremont tenha tirado do título é Polaris. Ela tinha um dos visuais mais bacanas de todos os X-men.

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