A morte de Sardanápolo, quadro de Delacroix, é uma versão de uma peça de Lorde Byrnon sobre um rei assírio que, ao perceber que irá perder uma guerra, resolve se suicidar junto com suas concubinas mais devotas.
Delacroix, entretanto, resolve tornar o tema mais muito
dramático. Na sua versão, tudo que um dia deu prazer ao soberano deve perecer
junto com ele. Assim, vemos não só mulheres sendo mortas, mas até cavalos.
Ao contrário da visão adocicada que a maioria das pessoas
associa ao romantismo, o movimento romântico era dramático, exagerado, teatral,
com emoções à flor da pele: um cavalo é puxado por um carrasco e resiste,
assustado, parecendo perceber seu destino; uma concubina tenta escapar, mas é
capturada por um soldado, que está prestes a cortar sua garganta; uma das
mulheres se debruça sobre o leito, numa atidude resignada de quem é apaixonada
por seu soberano. Não por acaso, a cor vermelha é predominante: ela lembra
sangue e grandes paixões.
A tela toda é puro caos destacado pela pela composição em
diagonal. No meio de todo esse caos, a única figura de tranquilidade é o
soberano, que assiste, sem emoções, a sua derrocada e a destruição de tudo que
ele ama. Se no neo-clássico a emoção era algo reprovável, aqui é a falta de
emoção que merece reprovação.
No quadro tudo é grandioso, o que se reflete no tamanho da
tela, gigantesca.
Sem comentários:
Enviar um comentário