A origem de Beach Babe está na HQ O Farol, publicada em uma das muitas revistas eróticas da editora Nova Sampa. Quando Bené se tornou um desenhista famoso nos EUA um agente teve a ideia de oferecer essa e outra história (Blood Road) para a editora Phantagraphics, dos EUA, que lançou ambas em revistas solo no selo Eros Comics no ano de 1995.
Na
trama um casal vai para uma praia deserta e descobre o que parece ser um farol
abandonado. Mas na verdade trata-se de uma nave espacial cujo objetivo é
coletar informações sobre os habitantes da Terra. E a primeira informação que
eles coletam é sobre prazer: o casal se separa e mulher encontra com um
homem belíssimo e acabam fazendo sexo
(embora não seja mostrado, o homem também encontra uma mulher belíssima).
O casal descobre um farol, mas na verdade trata-se de uma nave espacial.
No
final, uma narrativa da nave diz que os androides recolheram informações sobre
o prazer, mas falta a sensação de dor... e os personagens são retalhados.
Essa
história foi publicada, mas gerou uma carta do editor Franco de Rosa na qual
ele pedia, por favor, que nós não matássemos os personagens nos finais das
histórias.
O desafio era expressar com o texto o sentimento da personagem.
Embora
a trama fosse simplória, quase uma desculpa para cenas de sexo (afinal, era uma
revista erótica, lembram?), eu gosto particularmente do texto, inclusive nas
sequências eróticas, na qual eu usei e abusei de metáforas náuticas. Nesse sentido, o desenho do Bené criava um
desafio, pois a narrativa visual era muito eficiente, contando a história
praticamente sozinha. A forma de tornar o texto relevante era explorar aspectos
que a imagem não conseguia mostrar.
A história tinha um toque de humor ácido.
O
quadro que mostra a moça vendo o androide é um exemplo de como usar o texto
para mostrar a percepção dos personagens indo além do que o desenho podia
mostrar: “Eu o vejo. Milhares de lampejos minúsculos se elevando... fazendo
espirais... e se inclinando em queda livre rumo ao chão”.
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