quinta-feira, janeiro 11, 2024

Ubik, de Philip K. Dick



O ano é 1992. A exploração espacial por empresas é uma realidade. E telepatas são usados para espionagem industrial. Para combatê-los, surgem empresas de segurança, com pessoas capazes de rastrear e anular seus poderes. Uma delas é comandada por Glen Rucinter e pela esposa, mantida em estado de semi-vida e com a qual o marido mantém contato de tempos em tempos através de uma tecnologia revolucionária.
Joe Chip é o funcionário responsável por testar campos psíquicos e é através dele que acompanhamos a trama.
A história de fato inicia quando a equipe da Rucinter é chamada para combater psis em uma empresa na Lua. Lá eles são vítimas de um atentado de uma empresa rival e o dono morre. Quando voltam para a terra, fenômenos estranhos começam a ocorrer. Entre eles, o tempo, que começa a retroceder, com objetos involuindo para suas formas mais antigas. Ao mesmo tempo, mensagens estranhas, que parecem ter sido escritas por Rucinter, começam a aparecer em locais tão estranhos quanto espelhos do banheiro e multas de trânsito. A solução para tudo isso parece ser Ubik. Mas o que é Ubik?
O livro é uma miscelânea de temas caros a Philip K. Dick, em especial a questão da realidade. “O que é o real?”, é a pergunta que permeia a maioria de seus livros e é a base de Ubik. Além disso, há diversos outros aspectos que remetem diretamente às questões pessoais do escritor, como o contato com o mortos e a reencarnação (Philip algumas experiências místicas que o influenciaram para o resto da vida). É curioso como ele consegue transformar, por exemplo, o contato com espíritos, em ficção-científica, ao criar o conceito de meia-vida.
Há também uma ponta de ironia sobre o mundo em que vivemos, como as aberturas de capítulo, escritas como se fossem anúncios de Ubik, um produto que serve para praticamente tudo e é relativamente seguro, se usado de acordo com as especificações. Ou as dificuldades do protagonista com a porta de seu apartamento, que só abre mediante pagamento de moedas – moedas que o pratagonista nunca tem.
Ubik é um livro labiríntico, em que, quando parecemos estar saindo, na verdade, estamos nos aprofundando mais no intricado jogo criado pelo autor – em especial no final.
É um livro curto, de 238 páginas, de leitura fluída, mas, ao mesmo tempo profunda, que deixa várias questões no ar.

1 comentário:

ANTONIO CARLOS disse...

No livro "Os 3 estigmas de Palmer Eldrich" Dick também aborda esse aspecto de involuir/ evoluir quando uma personagem que faz esculturas se submete a um tratamento que está na moda que faz o cérebro da pessoa evoluir, mas o marido dela percebe que suas esculturas estão ficando mais simples e repetitivas mas ela não percebe isso. O marido também nota que sua testa está mais proeminente como se seu corpo estivesse involuindo para seu ciclo evolutivo anterior, ela tem lapsos de memória e começa a ter dificuldade na fala. Acho que Dick quis dizer que ela estava se tornando uma Neandertal ou um elo entre as duas espécies. Um risco que todos que se submetem ao tratamento que pode acontecer como aqueles efeitos negativos que lemos na bula dos remédios. Mas as pessoas continuam fazendo. Confesso que tive de reler esse livro ( os 3 estigmas ..) desde o começo e mesmo assim gostaria de mais explicações.