No
ano de 2001 um empresário de Macapá me pediu para editar um jornal para ele.
Ele já tinha uma emissora de TV, uma rádio e queria um jornal impresso. Também
contribuía para essa vontade o fato de uma gráfica ter uma dívida com ele. O resultado
disso foi o Diário Marco Zero, um nome que ele já tinha registrado. Uma ironia,
já que as edições eram semanais.
Era
literalmente uma euquipe. Eu fazia tudo, do projeto gráfico à redação dos
textos, passando pelas fotos. Para piorar, por alguma razão, a gráfica não
aceitava arquivos em Page Maker, o programa usado à época para diagramar
jornais, então tive que diagramar tudo no Corel Draw. Como na época todo jornal
precisava ter uma sessão de horóscopo, tínhamos a da Morgana Le Frey. Claro que
os textos eram escritos por mim – com previsões aleatórias.
No
número Zero eu publiquei uma matéria sobre Pontal das Pedras, um balneário no
caminho para Ferreira Gomes (que atualmente foi inundado pela represa). Todas
as outras vezes que eu tinha ido lá, tinha sido muito bem atendido, mas da vez
em que fiz a matéria foi diferente. Eles não só foram indiferentes, como até um
pouquinho agressivos, como se uma matéria no jornal fosse de alguma forma
prejudicá-los.
O
meu xodó era o suplemento Marco Zero Kids na qual eu publicava quadrinhos e
matérias sobre desenhos animados e outras voltadas para o público infantil. Era
com esse suplemento que eu realmente me divertia.
Fazer
um jornal sozinho, mesmo que semanal, era um esforço hercúleo, mas o que acabou
mesmo com a publicação foi quando resolveram contratar um “jornalista” não
formado para me auxiliar. Eu passava mais tempo tentando impedir que ele
colocassem jabá no jornal do que de fato editando. Para quem não sabe, jabá é
quando você recebe dinheiro para falar bem – ou mal de alguém (esse segundo
caso mais problemático, pois, como assinava o jornal, eu poderia ser processado).
A gota d´água aconteceu quando ele foi à gráfica de madrugada para mexer nos arquivos
e introduzir um jabá.
A
última notícia que tive desse “jornalista” foi quando ele usou o cargo em uma
prefeitura do interior do Amapá para furar a fila da vacina contra covid e se
imunizar junto com os profissionais de saúde, um escândalo nacional. Logo ele,
que passava o dia fazendo publicações contra vacinas nas redes sociais.
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