É comum ouvirmos comentários depreciativos a
respeito das universidades da região Norte. As críticas estão geralmente
relacionadas à baixa capacitação dos professores, a baixa produção acadêmica e
os poucos curso de pós graduação. O que pouca gente sabe, no entanto, é que
existe uma verdadeira sangria de vagas das universidades da Amazônia para as
universidades do sudeste.
Funciona da seguinte maneira: professores do
sudeste, geralmente mestres, fazem concurso para universidades da região Norte.
Nesse meio tempo, fazem doutorado, normalmente com afastamento, já que os
cursos de doutorado são raros na região. Quando voltam, já doutores, entram na
justiça pedindo a remoção para uma universidade do sudeste. E remoção leva a
vaga.E raramente um juíz nega o pedido.
Praticamente não há curso de universidade da
região norte que não tenha passado por algo semelhante, mas há casos extremos.
Em um exemplo recente um curso que tinha oito professores perdeu dois
professores para um curso de universidade da região sudeste. E o curso da
universidade do sudeste, que tinha 32 professores, ficou com 34, enquanto que o
da região norte ficou com 6.
Em outro exemplo, um único curso perdeu
metade das vagas para universidades do sudeste.
Com um número tão baixo de professores,
provocado por essa sangria, os docentes ficam atolados de aulas e limitados
apenas à docência nos cursos de graduação e às atividades administrativas, como
coordenação de curso, coordenação de ACC, de estágio e de TCC. Sobra pouco
tempo para pesquisa. Abrir um curso de mestrado e doutorado com tão poucos
professores? Nem pensar.
Isso acaba gerando uma círculo vicioso. Com
poucos programas de pós-graduação na região norte, quem faz concurso para
professor das universidades da região norte geralmente são pessoas das outras
regiões, em especial o sudeste. E são essas pessoas que depois vão levar as
vagas para universidades do sudeste.
Em tempo: o mapa acima mostra a distribuição
dos cursos de pós-graduação no Brasil. Os dados são de 2017, mas a situação
pouco mudou. O grosso dos cursos se concentra na região sudeste e há pouquíssimos
na região norte.
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