domingo, março 17, 2024

Perry Rhodan – O inferno atômico

 

Se eu não soubesse que a teoria do caos ainda estava dando os primeiros passos naquela época,  diria que o número 79 da série Perry Rhodan foi todo construído a partir do conceito do efeito borboleta. O neutralizador de vibrações de um cruzador ligeiro falha durante um salto, fazendo com que o computador regente de Árcon descubra a localização da base terrana em Fera Cinzenta. Acreditando que achou finalmente a localização da Terra, o regente manda bombardear o planeta com uma espécie de arma nuclear capaz de incendiar um planeta inteiro. Ou seja: um pequeno evento tem consequências desastrosas em nível estelar.

Para piorar a situação, Rhodan, Bell, Atlan e o mutante Fellmer Lloyd encontram-se em Fera Cinzeta, e a frota terrana está em outro local. Quando a bomba arcônida entra em ação, os quatro precisam usar todos os meios para tentar sobreviver num planeta em colapso.

Esse mote dá origem a uma trama extremamente movimentada, frenética, de sobrevivência. Os quatro protagonistas escapam de uma situação e logo se encontram em outra pior, naquilo que normalmente é chamado sair da frigideira para cair no fogo. Nem mesmo quando eles saem do planeta essa situação muda.



Kurt Mahr, o autor deste volume, tem a mania de parar a narrativa para descrever detalhes técnicos, e aqui ele faz novamente isso, quando dedica cinco páginas para falar sobre hipereletromagnetismo. Mas isso não chega a prejudicar a trama, especialmente porque é muita coisa acontecendo (dos volumes desse segundo ciclo é provavelmente o mais movimentado).

Uma estratégia narrativa acertada foi introduzir o tempo na narração: “Isso aconteceu às onze horas e cinquenta e oito minutos. Às doze horas em ponto os primeiros foguetes disparados pelo sistema defensivo da base atingiram o alvo”. Essa estratégia amplia mais ainda a impressão de que é muita acontecendo em pouco tempo.  

Esse é, definitivamente, um dos livros mais empolgantes do segundo ciclo.

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