Se
eu não soubesse que a teoria do caos ainda estava dando os primeiros passos
naquela época, diria que o número 79 da
série Perry Rhodan foi todo construído a partir do conceito do efeito
borboleta. O neutralizador de vibrações de um cruzador ligeiro falha durante um
salto, fazendo com que o computador regente de Árcon descubra a localização da
base terrana em Fera Cinzenta. Acreditando que achou finalmente a localização
da Terra, o regente manda bombardear o planeta com uma espécie de arma nuclear
capaz de incendiar um planeta inteiro. Ou seja: um pequeno evento tem consequências
desastrosas em nível estelar.
Para
piorar a situação, Rhodan, Bell, Atlan e o mutante Fellmer Lloyd encontram-se
em Fera Cinzeta, e a frota terrana está em outro local. Quando a bomba arcônida
entra em ação, os quatro precisam usar todos os meios para tentar sobreviver
num planeta em colapso.
Esse
mote dá origem a uma trama extremamente movimentada, frenética, de sobrevivência.
Os quatro protagonistas escapam de uma situação e logo se encontram em outra
pior, naquilo que normalmente é chamado sair da frigideira para cair no fogo. Nem
mesmo quando eles saem do planeta essa situação muda.
Kurt
Mahr, o autor deste volume, tem a mania de parar a narrativa para descrever
detalhes técnicos, e aqui ele faz novamente isso, quando dedica cinco páginas
para falar sobre hipereletromagnetismo. Mas isso não chega a prejudicar a trama,
especialmente porque é muita coisa acontecendo (dos volumes desse segundo ciclo
é provavelmente o mais movimentado).
Uma
estratégia narrativa acertada foi introduzir o tempo na narração: “Isso
aconteceu às onze horas e cinquenta e oito minutos. Às doze horas em ponto os
primeiros foguetes disparados pelo sistema defensivo da base atingiram o alvo”.
Essa estratégia amplia mais ainda a impressão de que é muita acontecendo em pouco
tempo.
Esse
é, definitivamente, um dos livros mais empolgantes do segundo ciclo.
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