quarta-feira, março 13, 2024

Perry Rhodan – O sacrifício de Thora



Não há spoiler nenhum em dizer que no número 78 da série Perry Rhodan, Thora, esposa do herói, morre. Essa informação já está expressa no título. Sendo ela uma das personagens mais relevantes da franquia, era de se esperar que esse número fosse memorável, mas infelizmente não é o que acontece.

Escrito por Kurt Brand, o livro gira em torno de uma tentativa dos terranos de comprar 100 naves arcônidas. Em uma trama paralela acompanhamos a degenerência da esposa de Rhodan, que, mesmo após receber o soro dos aras, que deveria prolongar sua vida, passou a envelhecer em ritmo crescente a ponto de se tornar uma idosa com dificuldade até mesmo para se levantar da cadeira.

Os médicos aconselham que ela seja incubida de alguma missão, aparentemente como forma de terapia psicológica. Parece uma forma pouco ortodoxa de fisioterapia para uma moribunda, tanto que Rhodan se recusa, mas Bell o convence dizendo que ele está sendo egoísta. Um diálogo, aliás, que não faz o menor sentido.

Metade do livro é dedicado aos preparativos para a viagem, à descrição do estado de saúde de Thora e à conversa entre Bell e Rhodan. Mesmo quando a viagem começa, não acontece nada. Há um desvio totalmente desnecessário para a zona de guerra, que parece ter tido o objetivo apenas de fazer a nave aparecer no meio de uma batalha e dar um pouco de ação ao volume.

Capa alemã. 


Começa a acontecer alguma coisa só lá pela página 120 (o volume tem 169 páginas), quando o computador regente de Árcon aprisiona a comitiva que tinha ido negociar a compra das naves, incluindo Thora.

O título do volume dá a entender que Thora irá se sacrificar pelo bem da humanidade, em um final heróico e apoteótico. Nada disso. A morte dela acontece quando tudo já está resolvido e é mostrada com quase nenhum impacto (culpa de Kurt Brand, que ao invés de focar a narrativa no que está acontecendo, foca em Deringhouse, que sequer está no local dos acontecimentos e só chega quando tudo já aconteceu).

É decepcionante perceber que uma personagem tão querida e tão forte (provavelmente a única personagem feminina de relevância da série nesse período) tenha perdido seu protagonismo no segundo ciclo e termine sua participação na série num livro tão fraco. É possível que os grandes escritores, como Clark Darlton, estivessem ocupados com outros volumes importantes, mas torna-se incompreensível que K.H. Scheer, o coordenador da série, tenha colocado esse volume nas mãos de Kurt Brand ao mesmo tempo em que relegava William Voltz com volumes menos relevantes. Afinal, os dois à época eram calouros na série. 


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