terça-feira, abril 30, 2024
Umpa-Pá – um ensaio para Asterix
Perry Rhodan – Duelo de mutantes
Clark Darlton era conhecido entre os autores da série Perry Rhodan por humanizar seus relatos. E é exatamente isso que ele faz no número 26 da série.
Na trama, Perry Rhodan encontra um adversário à altura: um super-mutante apelidado de supercrânio, que usando suas capacidades hipnóticas, formara seu próprio exército de mutantes e, com eles, pretendia conquistar o poder mundial através de assassinatos, greves, guerras e atentados. O volume trata do ponto em que dois exércitos de mutantes entram em rota de colisão.
A história inicia no espaço, com um dos destróiers roubados pelo Supercrânio atacando uma nave-escola da terceira potência. O texto de Darlton foca em um dos recrutas: “Julian Tifflor, que seus amigos e colegas chamavam apenas de Tiff, enganava os que o cervavam. Atrás daqueles olhos sonhadores escondia-se a energia de uma pequena bomba atômica. Apesar de seus vinte anos, Tiff era um gênio matemático e um exemplar de coragem e resolução”.
Mais à frente, quando o Supercrânio usa uma unidade do exército da terceira potência para atacar a própria terceira potência, a narrativa é toda focada em um dos soldados, o sargento Harras, que vai do cansaço e do desejo era tirar o uniforme suado e dar um salto na piscina à necessidade irracional de guerrear.
O volume é um pouco decepcionante para quem se deixa levar pelo título. Não há de fato um duelo entre mutantes uma vez que assim que os mutantes do exército do supercrânio são tirados de sua influência hipnótica, eles aderem à terceira potência. Além disso, o mais poderoso dos mutantes, Gucky, acaba não participando do duelo, embora tenha uma atuação importante em outro momento da trama.
Ao contrário da capa americana, a capa alemã mostra uma cena que existe no livro. |
No volume há algumas frase que parecem estranhas. Quando é tirado da influência do Supercranio, é dito que um dos mutantes mudou de dono. Sobre outro é dito que mudou de mestre, o que vai na contramão da ideia de que Rhodan representa uma visão não-autoritária.
Ainda assim, com todos os volumes escritos por Darlton, esse é uma leitura deliciosa.
Em tempo: a capa da Ediouro, baseada na edição americanda, não tem mínima relação com a trama. Aparentemente o desenhista Gray Morrow sequer lia o volume, ou recebia um resumo. Assim, seguia o padrão de desenhar uma imagem de um homem com “roupa futurista” e uma mulher loura em apuros.
Cavaleiro da Lua – meia-noite significa morte
Pouco tempo depois de sua estréia o título do Cavaleiro da Lua chamou atenção. Com bons roteiros de Doug Moench e ótima arte de Bill Sienkiewcz, o título tinha tudo para conquistar os fãs. Mas faltava um vilão à altura do protagonista. Os vilões das histórias anteriores haviam morrido e, aparentemente não revelavam mais perigo.
Na RGE o personagem era chamado de Cavaleiro de Prata |
Esse vilão vai surgir no terceiro volume intitulado “Meia-noite significa morte”. Essa oposição já aparecia na página de abertura, muito criativa, aliás, reproduzindo uma capa do Clarin Diário. Na metade esquerda, uma matéria sobre como o Cavaleiro da Lua vinha se destacando na luta contra o crime e, do outro lado o surgimento de um ladrão especialista em artes. A matéria previa que em algum momento eles iriam se encontrar.
Sienkiewcz mostra influência de Neal Adams. |
O vilão é tão audacioso que chega a roubar um colar de diamantes de uma cantora de opera em plena apresentação... e desafia o Cavaleiro da Lua a pará-lo. Enquanto isso, um colecionador de arte contrata o mercenário Marc Spector para proteger suas obras, o que leva ao encontro dos dois personagens num final surpreendente (quer dizer, deve ter sido para os leitores, eu saquei logo, mas isso tem a ver com o fato de que eu penso como roteirista). Destaque para a luta final na qual Bill Sienkiewcz mostra o quanto aprendeu com Neal Adams com diagramações inovadoras e principalmente as poses dos personagens, sempre com um elemento em primeiro plano.
No Brasil essa história saiu em Almanaque Premiere (RGE) e coleção Paladinos Marvel (Panini).
Artigo de Gian Danton analisa os quadrinhos poéticos de Nelson Padrella
A Imaginário! é uma revista eletrônica do Grupo de Pesquisa em Humor, Quadrinhos e Games - GP-HQG, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba, que tem como propósito a divulgação dos estudos voltados à Cultura Pop e às Artes Visuais, como História em Quadrinhos, grafite, humor, animação, fanzine e game.
O número 5 acabou de sair com uma ótima seleção de textos, incluindo uma homenagem ao pesquisador Elydio dos Santos Neto, falecido recentemente.A revista traz também um artigo meu sobre o roteirista Nelson Padrella, roteirista da editora Grafipar que escrevia histórias em quadrinhos eróticas-poéticas e antecipou no Brasil, o gênero quadrinhos poéticos.
Para saber mais, clique aqui: https://www.marcadefantasia.com/revistas/imaginario/imaginario01-10/imaginario05/imaginario-5.pdf
PlayGay, história com texto de Padrella que explora a poética nos quadrinhos. |
Os quadrinhos e o castelo do Graal
No livro HE, o psicólogo norte-americano Robert Johson explica a psicologia masculina através do mito da busca do Santo Graal. O personagem principal é o jovem Percival, um cavaleiro da Távola redonda.
Vingadores ultimato
ENCANTARIAS: a lenda da noite
O álbum Encantarias, a lenda da noite é um trabalho conjunto dos integrantes do estúdio Casa Velha, de Belém, entre eles Volney Nazareno (criação e roteiro), Julião Cristo (argumento), Fernando Carvalho (arte-final e pintura), Aline Oliveira (letras) e Otoniel Oliveira (roteiro, desenho e pintura) lançado de forma independente em 2006.
A história em quadrinhos conta a origem da noite, segundo a tradição indígena. Com uma premissa dessas, o caminho mais fácil seria fazer uma narrativa tradicional, mas o grupo mistura a tradição com o novo, ao apresentar inovações narrativas.
O roteiro é melhor que o de Belém Imaginária, o outro trabalho do grupo, talvez por não ter a obrigação de ser um quadrinho infantil. Isso deixou os artistas mais soltos para experimentar.
O desenho se mostra pródigo ao retratar mulheres voluptuosas (um aspecto facilitado pelo fato de serem retratadas índias...), mas também demonstra um grande domínio da narrativa em quadrinhos. Em uma seqüência, por exemplo, os personagens estão subindo um morro. A leitura é feita de baixo para cima e quando os olhos sobem, nós os encontramos lá em cima.
Outra seqüência impressionante é quando a cobra Honorato enfrenta sua irmã Caninana. Para quem está lendo, é como se tivesse de repente deparado com duas serpentes imensas. Para isso, os autores exploram os ângulos, mostrando Caninana sempre de baixo para cima, deixando o leitor em posição inferior. A única imagem aérea só é mostrada quando o leitor se acostuma com o tamanho enorme da cobra Canina e então aparece seu irmão Honorato, muito maior.
A história é uma espécie de Senhor dos Anéis tucuju: três guerreiros estão a serviço de tupã e precisam encontrar um alguidar que encerra a noite. Para cumprir sua missão, o trio enfrenta os mais terríveis perigos e encontra com os mais variados elementais amazônicos, da Iara ao Curupira.
Uma leitura reconfortante que mostra que não só temos uma cultura rica, como ela pode ser bem aproveitada nos quadrinhos.
A história tem um único senão: há um número talvez excessivo de balões-legenda, todos com texto em cor vermelha o que, se por um lado ajuda no visual, atrapalha na leitura.
segunda-feira, abril 29, 2024
The Witcher
Super-homem vs Apocalypse - a revanche
Basílica de Sacré-Cœur
A Basílica de Sacré-Cœur (Sagrado Coração) é uma das mais famosas igrejas de Paris. Construída no final do século XIX, ela resgatou a arquitetura romana e bizantina, com paredes sólidas.
A igreja é adornada com belíssimos vitrais, pinturas e esculturas – e uma réplica do santo sudário. E, embora tenha um estilo arquitetônico oposto ao de Notre Dame, também tem várias gárgulas que podem ser vistas na lateral do prédio.
A basília fica no alto do Monte Martre, o local mais alto de Paris e de lá é possível observar toda a cidade. Nos arredores há dezenas de lojas de lembrancinhas, café, restaurantes e quiosques nos quais são vendidos os tradicionais sanduíches parisienses, com pão baguete.
Liga Extraordinária: século
domingo, abril 28, 2024
Grandes Heróis Marvel 18: Homem-aranha
Sintonia entre os criadores. |
Jornada nas Estrelas - Lamento para Adonis
Conan – A ira de Anu
A ira de anu, história publicada no volume 10 da revista Conan the barbarian é um exemplo das qualidades de Roy Thomas como grande narrador. Ele estava preparando a adaptação de uma história original de Conan, Inimigos em casa, quando percebeu que o primeiro parágrafo da história já dava uma outra HQ. Nesse parágrafo, Robert E. Howard informa que Conan estava preso e condenado à morte após ter imposto uma vingança a um corrupto sacerdote de Anu, que ordenara a morte de um ladrão amigo do cimério.
Thomas imaginou toda uma situação a partir desse pequeno resumo. Na história, Conan se associa a um ladrão Gunderlandês para roubar diversos tesouros que são entregues para o sacerdote de Anu, que os revende.
Conan enfrenta um homem-touro sobrenatural. |
O templo, um local onde os soldados não podem entrar, é guardado por um homem-touro que pode ser invocado pelo sacerdote.
Quando este trai a dupla e ajuda a armar uma tocaia, Conan decide vingar o colega enforcado em praça pública e acaba enfrentando o homem-touro – e é nesse ponto que temos uma típica história do cimério, com ele enfrentando uma ameaça sobrenatural.
Na sequência, a força do texto de Thomas se destaca: “Eis outro momento capaz de congelar a alma... monstro e bárbaro fitam um ao outro. Em seu quase paralisado corpo, Conan sente o bafo ardente da perdição”.
Outro que se destaca é Barry Smith, que à essa altura se sentia cada vez mais à vontade no título. A sequência do enforcamento do ladrão é um primor narrativo. Smith contorna a censura da época mostrando apenas as pernas do ladrão, mas nos cinco quadros conseguimos perceber claramente o que está acontecendo, além de acompanhar a reação do cimério.
Fundo do baú - Mulher Maravilha
A Mulher Maravilha é uma das personagens mais clássicas da DC Comics. Mas, ao contrário de outros colegas, como Batman e Super-homem, ela não teve seriados na era de ouro ou mesmo na era de prata. Na verdade, parecia que nunca teria uma versão televisiva ou cinematográfica.
Na década de 60 executivos fizeram um piloto protagonizado por Ellie Wood que foi um fracasso total. Também, pudera. Era um seriado pastelão, com a atriz fazendo caras e bocas, olhando-se longamente no espelho antes de entrar em ação ou brigando com a mãe, que não a deixava sair de casa.
Em 1974 tentaram outro piloto protagonizado por Cathy Lee Crosby que foi outro fracasso. Tanto visualmente quanto em termos de história essa versão fugia muito do que os fãs de quadrinhos conheciam.
A versão protagonizada por Cathy Lee Crosby era muito diferente dos quadrinhos |
Mas em 1975 os executivos finalmente acertaram a mão e lançaram a versão protagonizada por Lynda Carter. Essa nova versão era bem mais fiel aos quadrinhos. No episódio piloto, o capitão Steve Trevor cai na ilha paraíso e assim as mulheres que lá viviam descobrem que o mundo está ameaçado pelos nazistas (os novos representantes do patriarcado que havia feito com que as amazonas fugissem para a ilha).
A rainha decide que irá enviar uma campeã para combater esse mau. E quem acaba sendo escolhida é sua própria filha, Diana. Chegando aos EUA a heroína, após deixar Trevor num hospital, entra quase que imediatamente em ação lutando contra sabotadores e espiões. Ou seja: tudo muito parecido com as histórias clássicas da personagem, escritas por Charles Moulton.
A atriz Lynda Carter conquistou os fãs com seu carisma. |
A série foi exibida com sucesso pela ABC e depois passou para a CBS, que atualizou as aventuras para os dias atuais.
Uma das curiosidades dessa versão era o rodopio da protagonista, o que fazia com que Diana Prince se transforme na Mulher Maravilha. Inicialmente era apenas um rodopio, mas por sugestão de Lynda Carter foram acrescentados efeitos luminosos e estrondos. O efeito causava verdadeira sensação entre os fãs e é até hoje lembrado, assim como Lynda Carter, considerada durante muito tempo como a única Mulher Maravilha – até o surgimento dos filmes protagonizados por Gal Gadot, igualmente carismática.