quinta-feira, maio 02, 2024

Ajuricaba

 


Ajuricaba foi um líder indígena que, em pleno século XVIII, combateu os portugueses, chegando a dominar a região do Amazonas a ponto de se declarar governador do Rio Negro. Sua importância história é tão grande que sua tribo, os manao, deu origem à capital do Amazonas, Manaus.

É a história desse personagem histórico que Ademar Vieira (roteiro), Jucylande Júnior (desenhos) e Tiê Santos (arte-final) contam no álbum Ajuricaba lançado pelo selo Black Eye em 2020.

O que impressiona na história é a qualidade do roteiro. A história é fluída, magnética, do tipo que só largamos na última das 130 páginas do álbum. Os desenhos, simples, mas expressivos, se destacam principalmente pela força narrativa. É a arte a serviço da história.

Os portugueses faziam incursões pela floresta para escravizar índios. Isso provoca a ira de Ajuricaba. 


E história é o que não falta. A vida de Ajuricaba é interessantíssima. Seu pai, líder dos manaó, era aliado dos portugueses, mas quando vai cobrar destes o fato de terem atacado uma tribo aliada para prender escravos, acabou sendo mortos por esses. Da mesma forma, também filho de Ajuricaba foi morto durante um ataque poruguês – o que levou o herói indígena a sua jornada de vingança e libertação.

O Ajuricaba da história em quadrinho não é apenas um personagem histórico. O roteiro o humaniza, mostrando sua relação meiga com o filho e a esposa e o forte impacto da visão dos índios sendo levado escravizados exercia sobre ele. Além disso, o roteiro explora seu lado de estrategista militar em sequências empolgantes de guerra.

A história humaniza o herói indígena. 


Mas a HQ não o trata apenas como herói. Aspectos controversos do personagem, como o fato dele ter escravizado tribos rivais para trocá-las por armas com os holandese também são mostrados.

Os portugueses empreenderam uma dura repressão, que levou ao extermínio total da tribo manao, de modo que toda a sua cultura e até sua língua se perdeu. Mas Ademar Vieira resgata algumas das poucas palavras das quais sobraram registros para usá-las na história, dando um ar ainda mais verossímil à HQ.

O lado controverso de Ajuricaba também é mostrado. 


Outro acerto foi introduzir uma trama paralela com o garoto Teodósio, um índio cristianizado que era tiranizado por um padre. A última página da história o mostra tirando as roupas europeias e entrando na floresta. Dessa forma, o álbum linka a revolta de Ajurucaba com a revolta liderada por Teodósio, um personagem real.

Ajuricaba é um dos melhores quadrinhos nacionais que li recentemente. O tipo de história que merecia leituras e releituras e por isso mesmo merecia também uma edição especial, com capa dura. Há tantas histórias ruins por aí sendo publicadas em capa dura, papel especial que não valem metade desse álbum nacional.


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