Dirigido por Marc Francis e Max Pugh e lançado em 2017, o filme Caminha comigo registra o cotidiano de uma comunidade zen-budista na frança chamada Plum Village, fundada pelo monge vietnamita Thich Nhat Hanh.
O filme é todo baseado no conceito de atenção plena (Mindfulness). A ideia por trás desse princípio é de que devemos viver o momento presente, sem nos importarmos com o passado ou nos preocuparmos com o futuro.
A atenção plena aparece inclusive em termos de narrativa. São situações do cotidiano dos monges: um monge desconcentrado durante o zazen; dois monges conversando na cozinha; um monge e um voluntário organizando as almofadas de meditação (e descobrindo que se conhecem); uma monja visitando o pai... e caminhadas, muitas cenas silenciosas de caminhadas, o Kinhin, claramente o tipo de meditação predileto de Thich Nhat Hanh.
O documentário mostra também o tocar dos sinos, ao tocar dos quais, todos param tudo que estão fazendo, uma forma de tirar as pessoas do modo automático e fazer com que elas prestem atenção ao momento presente.
A narrativa é tão contemplativa que exige do expectador uma atitude mental de atenção plena. Não há narrador ou mesmo depoimentos dos personagens. Apenas as cenas capatadas e alguns trechos de textos de Thich Nhat Hanh narrados por Benedict Cumberbatch (o Doutor Estranho dos filmes). Isso inclusive cria um problema. Muitas vezes não conseguimos identificar onde está acontecendo a ação.
Curiosamente, até mesmo um filme contemplativo como esse tem seu momento de conflito. Ele aparece quando os monges vão meditar em uma praça e um fanático religioso cristão passa a acusá-los, aos gritos, de terem pacto com satanás. A reação dos monges sintetiza a essência do zen: eles apenas continuam meditando.
Para assistir, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Cescc684NWI
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