sábado, junho 08, 2024

Os nazistas e a propaganda que não parecia propaganda

 

O filme O jovem hitlerista Quex foi uma das principais peças de propaganda nazista

                Pode parecer terrível, mas quase toda a propaganda atual tem suas origens no nazismo. Um dos assessores de Hitler era  Goebbels, um gênio da propaganda. E a idéia revolucionária de Goebbels era a seguinte: uma propaganda, para funcionar, não pode parecer propaganda.

                Ninguém gosta de assistir propagandas. Você gosta? Ninguém gosta. Então a melhor propaganda é aquela que parece tudo, menos uma propaganda.

                Vamos ver como era isso na prática nazista.

                Um filme sintomático, que fez muito sucesso na Alemanha da década de 30 foi O jovem hitlerista Quex. No filme, Quex é um rapaz bom-caráter e bem-intencionado. O pai, alcoolatra e marxista, bate nele e o obriga a cantar a internacional comunista. Os companheiros nazistas o protegem. O pai, com o tempo deixa de beber e se reabilita, tornando-se um nazista. O final da fita mostra Quex, assassinado por comunistas, agonizando e vislumbrando a imagem de jovens uniformizados sob a proteção da suástica.

                Precisa dizer mais alguma coisa? O filme, embora fosse um drama, era pura propaganda, e por isso fez sucesso. Por outro lado, quando a propaganda era muito óbvia, a rejeição era grande.

O judeu eterno: pessoas saiam do cinema vomitando. 


                Quando Hitler resolveu adotar a solução final para os judeus, ele percebeu que seria necessário preparar o espírito dos alemães para a matança que se seguiria. Ele encomendou a um dos oficiais da SS um filme que tivesse essa função. O resultado foi um fiasco. O filme, O Eterno Judeu, tencionava mostrar como eram verdadeiramente os judeus por trás das máscaras. E era bastante óbvio. Quando falava na sujeira dos judeus, apareciam moscas na tela. O filme compara os judeus a ratos e mostra um fervilhante amontado de roedores avançando contra o espectador.

                O filme foi um fracasso. As pessoas saiam do cinema vomitando e poucos ficavam até o final.

O judeu Suss mostrava uma mocinha ariana sendo assediada por um judeu devasso. 

Goebels resolveu, então, fazer a sua versão. Ele encomendou a um de seus diretores um filme sobre o judeu Suss, um ministro das finanças alemão do século XVIII que seduzia as mulheres e explorava o povo com altos impostos. O filme traz aquela historinha básica de toda novela mexicana: um casal de namorados está apaixonado, mas a moça está prometida ao judeu rico. O rapaz é aprisionado, mas consegue escapar e no final o vilão acaba sendo enforcado em praça pública.

                A fita foi um sucesso, chegando a ter grande bilheteria até mesmo na França. Isso porque, embora fosse pura propaganda, não parecia propaganda.

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