Escrita por Don Kaar e desenhada por John
Severin (com cores da irmã Marie Severin), O tesouro maldito não parece uma
história de Conan. Para começo de conversa, o personagem lembra muito a
caracterização de Kull (lembremos que Severin foi, durante anos, desenhista de
Kull) e em alguns trechos parece até mesmo com o Príncipe Valente. Além disso,
não temos aqui a diagramação arrojada, com splash pages grandiosas, que
acostumamos a ver na arte de John Buscema. Também não há o texto incisivo de
Roy Thomas (aliás, Kraar não usa texto em nenhum momento da história, apenas
diálogos, o que em alguns casos se configura um problema, já que torna difícil
entender algumas sequências).
Na trama, Conan entra na associação dos
ladrões com o objetivo de roubar o tesouro do rei. A história começa com Conan
sendo perseguido nos esgotos pelo chefe da guarda. O motivo: ele também quer
roubar os tesouros e Conan torna-se uma ameaça.
Severin é muito influenciado por Hall Foster.. e faz um Conan muito parecido com o Príncipe Valente.
Há uma sequência realmente maravilhosa, em
que o chefe da guarda é rendido pelos ladrões e obrigado a andar sobre uma corda
acima de um poço onde podemos observar fogo. Ele sabe que se cair a morte será
certa então usa esse tempo para negociar com Conan uma sociedade. Assim, o
cimério é introduzido na guarda do palácio.
Mas o maior perigo para o rei não é os
ladrões, mas um grupo de fanáticos chamdo Bruma Vermelha que pretende matá-lo e
estabelecer uma nova sociedade – e seus membros podem ser qualquer pessoa, até
mesmo as mais próximas. Ou seja, é
também uma trama palaciana.
Junte isso a uma ordem religiosa que
sacrifica pobres a um ser abissal, e temos uma história que prende a atenção do
leitor.
Apesar da falta de textos criar situações de
difícil compreensão, como alguns cortes muito bruscos que poderiam ser
facilmente resolvidos com uma legenda, Kraar apresenta bons diálogos. À certa
altura, por exemplo, alguém diz que Conan está apaixonado pela princesa, ao que
outro responde: “Não. Ele está apaixonado pela morte!”.
Publica nos EUA na coleção Marvel Graphic
novel 28. No Brasil essa história saiu em Conan em Cores 9.
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