sexta-feira, junho 28, 2024

Demolidor – Marcado para morrer

 


Assim que assumiu os desenhos na revista do Demolidor, Frank Miller chamou atenção por seu senso narrativo e começou a dar sugestões para o título, sugestões que foram acatadas pelo roteirista Roger McKenzie.

Esses pitacos já podem ser observados na segunda história desenhada por Miller, em Daredevil 159. Essa edição já destoa do tom super-heroiesco da revista até então, aproximando-se mais do gênero policial.

Na história um homem misterioso, cujo rosto não vemos em detalhes, contrata um mafioso chamado Slaughter para matar o Demolidor, prometendo um pagamento de meio milhão de dólares.

A página dupla é um exemplo da maestria narrativa de Miller. 


As primeiras páginas já são um ótimo exemplo do estilo narrativo que seria característico de Miller (vale lembrar que na Marvel usa-se o Marvel way, em que o desenhista recebe apenas um resumo, desenvolve visualmente a história e depois o roteirista coloca o texto). A primeira página mostra trechos de uma batalha entre o Demolidor e o Mercenário em quatro imagens com uma variedade de ângulos e planos.

Então o leitor se depara com uma imagem em página dupla. Um homem misterioso apontando para a tela, onde passam as imagens do conflito enquanto o mafioso, em primeiro plano, tem seu cigarro aceso por um lacaio e diz: “Tudo é possível por um preço... até mesmo assassinato!”. O impacto é enorme.

Miller varia planos, ângulos, joga com a luz e a sombra. 


O mafioso manda bandidos ameaçarem Matt Murdock e enviarem uma mensagem para o Demolidor: ele deve comparecer no cais à meia-noite. Claro que o local está infestado de malfeitores, armados até os dentes, prontos para matar o herói.

Mas o Demolidor usa seu sentido de radar e sua audição super-desenvolvida par ir eliminando os adversários um a um em sequências de ação simplesmente magistrais. Miller joga com luz e sombras, varia ângulos e planos, usa a elipse quadrinística com genialidade, faz quadros verticais que se esticam por toda a lateral da página quando o Demolidor cai na água, usando o recurso para mostrar visualmente sua queda.

Uma curiosidade é que Miller introduz aqui um personagem que seria usado à exaustão como alívio cômico na sua fase como roteirista do título: o criminoso Tucão.

No final descobrimos que quem está por trás dessa tentativa de assassinato é um vilão Mercenário. A história termina com a promessa de um grande confronto.

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