sábado, julho 06, 2024

Capitão América contra o Touro

 



As revistas da Marvel tinham tanta ação desenfreada que faziam parecer que as revistas da DC Comics aconteciam em câmera lenta. Mas havia um personagem na Marvel cujas histórias eram explosões de ação a ponto de parecer que as outras revistas da editora é que aconteciam em câmera lenta.

Estamos falando do Capitão América de Jack Kirby e Stan Lee.

O personagem, que havia ressurgido nas histórias dos Vingadores, teve sua primeira história solo em Tales of Suspense 59, de novembro de 1964.

"Por que não telefonaram?" 


A revista já começa com uma splash page impressionante, com o sentinela da liberdade atravessando uma janela enquanto pedaços de vidro voam para todos os lados.

Corta para a mansão dos vingadores onde o Capitão América ficou responsável pelo plantão da noite. Ele recebe uma xícara de café de jarvis e senta para ver um álbum de fotos.

Enquanto isso, em outro lugar, um mafioso planeja um assalto à mansão dos vingadores. Parece uma ideia louca invadir exatamente a sede de um grupo super-poderoso, mas ele tem um plano.

Estão atirando com um maçarico? Que ótima oportunidade! 


Segundo o Touro (esse é o nome do mafioso), toda corrente tem um elo fraco e o elo fraco dos Vingadores é exatamente o Capitão América, o herói menos poderoso do grupo.

O grupo então sequestra Jarvis e pergunta quem está de plantão naquela noite. “Não é segredo! O Capitão América está de plantão esta noite! Não era mais fácil ter telefonado?”.

A sequência provavelmente é consequência do método Marvel. Kirby deve ter colocado os criminosos sequestrando o mordomo e Stan Lee aproveitou para fazer uma piada em cima da situação sem sentido.

Kirby caprichava nas poses acrobáticas. 


A partir daí a história é pura ação. Os mafiosos invadem a mansão dos Vingadores, com Touro vestindo uma armadura que lembra a do Homem de Ferro. Kirby era um especialista em transformar os quadros em uma imagem que parecia tridimensional e colocar o herói em situações acrobáticas estranhas, mas de grande impacto. E as situações beiram o absurdo. À certa altura eles conseguem amarrar o herói, se aproveitando do fato dele ter levado um tiro de raspão. Mas ele consegue usar o salto das botas para cortar as cordas que prendem suas mãos e quando um dos vilões atira nele com um maçarico, ele aproveita isso para soltar as pernas. “Chefia! É encrenca! Ele soltou as pernas!”, grita um dos bandidos.

Ali era uma junção perfeita dos desenhos de Kirby com os diálogos de Stan Lee em um personagem pra lá de carismático.

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