Imagine um mundo em que todos os adultos morreram e só sobraram as crianças. Esse o universo distópico cirado por Carlos Trillo e Horácio Altuna em O último recreio.
A trama começa com uma bomba caindo em Buenos
Aires. Todos os adultos são encaminhados para um refúgio, mas nenhum deles sai
de lá. Quando as crianças resolvem sair às ruas, descobrem o mundo está
completamente mudado. Um goroto resolvem aproveitar a situação e violentar uma
garota, mas acaba morrendo. É nesse ponto que fica claro: a bomba só atinge
quem tem a sua sexualidade despertada.
Na história, quem tem a sexualidade despertada morre.
Um mundo só de crianças poderia parecer um
paraíso, mas o que ocorre é exatamente o oposto. A sociedade degenera para um
mundo apocalíptico em que se sobressaem os mais fortes.
A história é contada em pequenos capítulos,
com personagens que se alternam, quase como se fossem contos isolados unidos
pela mesma ambientação.
De todos o episódios, talvez o mais
interessante seja A estrela, sobre uma garota que estrelou um programa de TV e
viciou-se em ser o centro das atenções. É um perfeito exemplo de como fazer um
roteiro em elipse, em que o final é semelhante ao início em um círculo vicioso.
A Estrela é o melhor capítulo.
Carlos Trillo se destaca pela ótima
caracterização dos personagens e pelas tramas bem elaboradas, apesar das poucas
páginas de cada capítulo. É um roteirista que impressiona por sua habilidade em
todos os aspectos da história.
Horacio Altuna, por sua vez, desenha a HQ em
um perfeito equilíbrio entre a inocência juvenil e a sensualidade, uma escolha
perfeita uma vez que, na história, o despertar sexual representa a morte.
A história
foi publicada originalmente em capítulos na revista espanhola 1984 e depois
reunida em álbum. Aqui no Brasil foi lançada pela editora Risco.
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