A Loira fantasma é uma das principais lendas urbanas de Curitiba. Na versão local, uma loira pede uma corrida de taxi para um cemitério. Chegando lá, desaparece.
Essa é a história por trás do álbum Fantasmogênese – em busca da loira fantasma, de Antonio Eder e André Stahlschmidt.
A dupla não faz uma simples dramatização ou reconstituição da história. Ao contrário. O álbum de 134 páginas é resultado de uma extensa pesquisa sobre o assunto. Antonio eder, responsável pelo roteiro, pesquisou exaustivamente em jornais da época, revistas, sites e livros, construindo uma verdadeira reportagem em quadrinhos sobre o tema.
A pesquisa de dois alunos de jornalismo é o fio condutor da HQ. |
O roteiro usa como moldura a história de uma dupla de estudantes que pesquisa o assunto em uma biblioteca pública. Esse pano de fundo serve inclusive para introduzir comentários sobre o caso.
A lenda curitibana surge 20 de maio de 1975. Nesse dia, o taxista Walmir Siqueira pega uma passageira na rua Matheus Leme, no centro de Curitiba. A mulher, loira, usa um casaco de peles de cor preta e um colar de pérolas que dá várias voltas no pescoço. Ela pede uma corrida até o cemitério dos Abranches. Ao chegar ao local, simplesmente desaparece do carro e aparece na rua. Assustado, o homem pede ajuda para dois policiais que passam pelo local. A loira reaparece dentro do carro e tenta matar o motorista esganado, sendo impedida por um dos policiais, que atira três vezes. Ela some.
O fantasma da loira aterrorizou os taxistas de Curitiba. |
No dia seguinte a história aparece nos jornais, nos programas de rádio. Na cidade não se fala de outra coisa. Como resultado, loiras não conseguem mais pegar taxi e até prostitutas loiras vêm seus ganhos minguarem: “Não consegui clientes desde terça-feira. Só posso atribuir ao fato de ser loira”, relatou uma garota a um jornalista.
O álbum segue essa história e a repercussão na mídia, acompanhando inclusive a trajetória do carro, do motorista e do dono do veículo. O carro foi destruído num acidente, o dono assassinado e o motorista provavelmente cometeu suicídio.
O álbum acompanha também as tentativas da imprensa de explicar quem seria a mulher fantasma, sempre com toques de sensacionalismo.
Além de relatar os fatos, a HQ também reflete sobre eles, numa análise muitas vezes sociológica e histórica.
Ao final, o álbum traz um mapeamento das aparições da loira fantasma na produção cultural de Curitiba e até reproduções de matérias de jornais da época.
Tudo isso faz de Fantasmogênese uma das melhores publicações nacionais de 2022.
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