Em 1933 o fanzine de ficção científica The advance guard of future civilization publicou um conto de Herbert Fine sobre um homem com poderes extraordinários. Teria passado despercebido se não fosse o embrião dos super-heróis e se o tal do Herbert Fine não fosse um pseudônimo de Jerry Siegel, criador do Super-homem.
Essa história chega finalmente ao Brasil em
uma coleção para lá de interessante. Trata-se da Biblioteca de Livros
impossíveis, capitaneada pelo escritor Rubens Angelo.
Todos os volumes contam com textos
introdutórios e esse aqui explora a origem dos super-heróis e a importância
desse conto para o gênero.
Quanto ao conto, apesar de toda a sua
relevância histórica, é muito óbvio que se trata de um texto de alguém que
ainda estava dando os primeiros passos na escrita.
Na história, um cientista procura uma cobaia
na fila do pão (a história, aparentemente se passa durante a grande depressão
norte-americana), até encontrar a pessoa ideal, um tal de Bill Dunn. Seu
objetivo é fazer o mendigo ingerir uma substância produzida a partir de um
meteoro (o que provavelmente é a origem da kriptonita). Essa substância havia
provocado “uma estranha influência nos animais de laboratório aos quais era
administrado”, diz o texto, sem especificar que influência era essa.
O cientista leva o mendigo para casa, manda o
mordomo cuidar dele e lhe dá novas roupas (“Pela primeira vez em semanas seu
rosto estava barbeado. Roupas limpas e impecavelmente passadas substituíram
suas vestes desgastadas”).
A fórmula estava no café, mas após ingerir a
refeição, Dunn fica desconfiado e foge da casa do cientista – é quando descobre
que tem poderes. Não há nenhuma preparação nesse sentido. Ele descobre e com
muita facilidade que é capaz de ler mentes, ver à distância (ele vê uma cena de
combate em Marte) e ver o futuro, o que lhe permite ganhar dinheiro com apostas
e bolsa de valores. Ele também é capaz de sugestionar pessoas, fazendo com que
elas lhe dêem seu dinheiro.
A transformação moral do personagem é tão
rápida quanto a descoberta dos poderes: de uma pessoa boa e preocupada em
seguir a lei, ele logo se torna um tirano disposto a destruir o mundo.
O texto, como dito, é primário. Há metáforas
que não funcionam, como “De repente, enquanto estava deitado no chão, um
verdadeiro holocausto de confusão irrompeu em sua mente”. Além disso, há
problemas de coerência interna. Dunn fugiu da casa do cientista barbeado e
usando a roupa nova, mas Siegel esquece isso e, mais lá na frente, o descreve
como um mendigo.
Vale mais como curiosidade e como registro do
personagem que depois seria modificado e transformado em herói, tornando-se uma
das figuras mais conhecidas do mundo, o Super-homem.
A coleção tem mais três livros (A Curiosa
Experiência de Thomas Dunbar, de Gertrude M. Barrows; Eu, Robô, Eando Binder e A máquina pensante,
de JJ Connington), todos inéditos ou pouco conhecidos no Brasil. Para
adquiri-los, basta fazer um pix de três reais por exemplar para a chave PIX: rubensangelo@yahoo.com.br e enviar
o comprovante para o Rubens Angelo: rubensgrafico@gmail.com.
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