sábado, agosto 10, 2024

O reinado do Super-homem, de Jerry Siegel

 


Em 1933 o fanzine de ficção científica The advance guard of future civilization publicou um conto de Herbert Fine sobre um homem com poderes extraordinários. Teria passado despercebido se não fosse o embrião dos super-heróis e se o tal do Herbert Fine não fosse um pseudônimo de Jerry Siegel, criador do Super-homem.

Essa história chega finalmente ao Brasil em uma coleção para lá de interessante. Trata-se da Biblioteca de Livros impossíveis, capitaneada pelo escritor Rubens Angelo.

Todos os volumes contam com textos introdutórios e esse aqui explora a origem dos super-heróis e a importância desse conto para o gênero.

Quanto ao conto, apesar de toda a sua relevância histórica, é muito óbvio que se trata de um texto de alguém que ainda estava dando os primeiros passos na escrita.

Na história, um cientista procura uma cobaia na fila do pão (a história, aparentemente se passa durante a grande depressão norte-americana), até encontrar a pessoa ideal, um tal de Bill Dunn. Seu objetivo é fazer o mendigo ingerir uma substância produzida a partir de um meteoro (o que provavelmente é a origem da kriptonita). Essa substância havia provocado “uma estranha influência nos animais de laboratório aos quais era administrado”, diz o texto, sem especificar que influência era essa.

O cientista leva o mendigo para casa, manda o mordomo cuidar dele e lhe dá novas roupas (“Pela primeira vez em semanas seu rosto estava barbeado. Roupas limpas e impecavelmente passadas substituíram suas vestes desgastadas”).

A fórmula estava no café, mas após ingerir a refeição, Dunn fica desconfiado e foge da casa do cientista – é quando descobre que tem poderes. Não há nenhuma preparação nesse sentido. Ele descobre e com muita facilidade que é capaz de ler mentes, ver à distância (ele vê uma cena de combate em Marte) e ver o futuro, o que lhe permite ganhar dinheiro com apostas e bolsa de valores. Ele também é capaz de sugestionar pessoas, fazendo com que elas lhe dêem seu dinheiro.

A transformação moral do personagem é tão rápida quanto a descoberta dos poderes: de uma pessoa boa e preocupada em seguir a lei, ele logo se torna um tirano disposto a destruir o mundo.

O texto, como dito, é primário. Há metáforas que não funcionam, como “De repente, enquanto estava deitado no chão, um verdadeiro holocausto de confusão irrompeu em sua mente”. Além disso, há problemas de coerência interna. Dunn fugiu da casa do cientista barbeado e usando a roupa nova, mas Siegel esquece isso e, mais lá na frente, o descreve como um mendigo.

Vale mais como curiosidade e como registro do personagem que depois seria modificado e transformado em herói, tornando-se uma das figuras mais conhecidas do mundo, o Super-homem.

A coleção tem mais três livros (A Curiosa Experiência de Thomas Dunbar, de Gertrude M. Barrows;  Eu, Robô, Eando Binder e A máquina pensante, de JJ Connington), todos inéditos ou pouco conhecidos no Brasil. Para adquiri-los, basta fazer um pix de três reais por exemplar para a chave PIX: rubensangelo@yahoo.com.br e enviar o comprovante para o Rubens Angelo: rubensgrafico@gmail.com.

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