sábado, setembro 28, 2024

Batman e Sargento Rock

 


No número 84 da revista The Brave And The Bold, o cavaleiro das trevas se encontrou com o herói da II Guerra Mundial, Sargento Rock.

Encontro de personagens de eras diferentes podem parecer absurdas, mas nas mãos de roteiristas competentes, podem gerar histórias memoráveis, como o encontro do Homem-aranha com Sonja na revista Marvel Team-Up 79, com roteiro de Chris Claremont e desenhos de John Byrne. A dupla conseguiu explicar perfeitamente esse encontro inusitado.

Acontece que Bob Haney, o roteirista de The Brave and the bold, não era Chris Claremont e, apesar do desenho inspirado de Neal Adams, o resultado é sofrível.

A história começa com uma sequência confusa, em que o leitor não consegue distinguir passado de presente. 

A história começa em 1969, no Museu de Gotham. Um homem que parece ser o diretor do Museu mostra para Bruce Wayne uma estátua: “O arcanjo Gabriel, que na Segunda Guerra Mundial, foi contrabandeado da frança ocupada pelos nazistas para ficar seguro aqui. Finalmente alguém ligou reclamando a estátua”. Mas Bruce Wayne esclarece que o verdadeiro arcanjo nunca saiu da frança, o que significa que a estátua é falsa.

Tudo bem que Batman é o maior detetive do mundo, mas ele saber mais sobre os objetos de arte do que um diretor de museu, que teoricamente é alguém especializado no assunto? Parece que Bruce Wayne tirou essa conclusão da mesma forma que um mágico tira um coelho da cartola.

Uma sequência de ação totalmente desnecessária. 


Mas calma, leitor, isso é só o início. Bob Haney ainda vai aprontar muita confusão.

Logo depois os dois são atacados por um alemão, que atira no diretor do museu e ameaça Wayne. Logo depois, na mesma página, o alemão desaparece e alguém chamado Digby dá um soco em Bruce Wayne. Isso é um flash back, mas não há qualquer indicação disso e, como a sequência começa no meio da ação,a tendência do leitor é achar que se trata de uma continuação dos fatos mostrados anterioremente. Esse flash back mostra Bruce Wayne em Londres, na época da II Guerra Mundial, exatamente com a mesma cara da sequência do presente – ou seja, ele não envelheceu nada em quase 25 anos!

Bruce Wayne é incubido pelo governo inglês de ir à França ocupada descobrir um plano secreto dos alemães para parar a invasão da normandia. O playboy vai no mesmo avião que a companhia Moleza, do sargento rock, numa sequência de ação totalmente desnecessária, em que ele pula de uma moto diretamente na porta do avião e é agarrado pelo sargento.

Bruce Wayne descobre o plano dos nazistas: dedução ou super-poderes? 


Na França, Bruce Wayne entra num castelo ocupado pelos nazistas e descobre que o plano dos mesmos tem algo a ver com garrafas de vinho. Descendo à adega, ele percebe que as garrafas estão vazias. Mas olhando bem ele descobre que na verdade elas estão cheias de gás dos nervos!

Mais uma vez o maior detetive do mundo faz suas deduções da mesma forma que um mágico tirando um coelho de uma cartola. Como ele chegou à conclusão de que as garrafas estão cheias de gás dos nervos sem sequer analisar o conteúdo? Ele tem algum poder sobrenatural que faz com que seus olhos consigam analisar moléculas? Bob Haney diria: “não importa!”.

Para piorar, quando a história volta ao presente, Sargento Rock aparece do nada para salvar Bruce Wayne (o que já é um tremendo deus ex machina) e ele está envelhecido! O tempo passou para o Sargento Rock, mas não para Wayne?

Neal Adams imita o estilo de Joe Kubert. 


Bob Haney coloca o batman para narrar a história, mas isso se torna totalmente desnecessário, pois a narração sequer ajudar o leitor a compreender essa história extremamente confusa.

No final, a HQ vale mesmo pelo desenho de Neal Adams, que, além de dar o seu show habitual, ainda imita o estilo de Joe Kubert nas sequências em que aparece a companhia moleza (Kubert foi o desenhista oficial do Sargento Rock por anos).

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