sábado, setembro 21, 2024

Thor contra o Homem-radioativo

 


No início da década de 1960 era muito comuns que os vilões da Marvel fossem ameaças comunistas, a exemplo do Homem-radioativo, surgido Journey into Mystery 93, de 1963.

Na história, Thor interfere na guerra entre a China e Índia e com isso provoca a fúria das autoridades chinesas, que convocam seus melhores cientistas e fazem um ultimato: “Vocês são os nossos maiores estrategistas militares e gênios científicos! Falem! Eu exijo que me deem soluções imediatas para nos livrarmos de Thor!”.

O curioso, nessa época, é que os vilões se diziam literalmente vilões: “Cedo ou tarde teremos que enfrentar a democracia!”.

O cientista ganha super-poderes ao se expor à radiação. Naquela época era muito fácil ganhar super-poderes.


Um dos cientistas resolve se bombardear com radiação, transformando-se no... Homem-radioativo!!!!!! (A justificativa para ele não ter sido torrado pela radiação é que ele vinha aumentando sua imunidade ao se expor continuamente à radiação, o que, ao invés de dar-lhe um câncer, tornou-o resiste!).

A história, com plot de Stan Lee, diálogos de Robert Bernstein e desenhos de Jack Kirby, é um primor daqueles tempos mais ingênuos. O vilão viaja a Nova York para derrotar Thor. Lá o deus do trovão descobre que seu martelo encantando é repelido pela radiação. Pior, o Homem-radioativo cria um redemoinho que hipnotiza o viking.

Um redemoinho de radiação que hipnotiza Thor? Santo roteirismo, Batman! 


Mas o vilão comete um erro: manda que Thor jogue longe seu martelo, mas ele joga longe demais. Enquanto o homem-radioativo vai procurar o mjorn, o herói volta a ser Don Blake.

Curiosamente, o vilão encontra com o médico logo depois da transformação e, claro, fala como um vilão, pois naquela época não bastava agir e pensar como vilão, também era necessário fazer discursos de vilão: “Você, seu verme insignificante... viu para onde foi Thor?”. Blake aponta uma direção qualquer e depois corre para seu consultório, onde fabrica uma máquina capaz de encontrar seu martelo. Mais uma coisa impressionante daquela época: todo herói da Marvel era um grande inventor e inventava coisas com a rapidez das necessidades do roteiro.

Don Blake inventa uma máquina para ajudar a achar o martelo. Tudo é possível quando o roteirista quer.


No final, depois de toda essa trama rocambolesca com um vilão aparentemente invencível, Thor resolve toda a situação em mera meia-página. O vilão invencível no final se revela esquecível.

Para piorar (ou melhorar, dependendo do ponto de vista), o desenho de Kirby não parece muito inspirado. O rei só pareceu voltar a ter interesse por Thor quando começou a ser publicada a série Contos de Asgard.

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