Algo que salta aos olhos ao ler a casta dos metabarões, cujo primeiro, cujo primeiro volume foi lançado em 2022 pela editora Pipoca e Nanquim, é que essa saga recupera muitos dos conceitos elaborados por Jodorowsky para o filme nunca realizado de Duna.
Os metabarões são os maiores guerreiros do
universo e o mais recente deles já
haviam aparecido na saga do Incal, de Jodorosky e Moebius. Aqui, o roteirista
conta a saga desses guerreiros em uma história grandiosa, que atravessa
gerações iniciando com o trisavô do atual metabarão.
A história é narrada por um robô.
O roteiro usa uma estratégia genial. A
história é narrada por um dos robôs do metabarão para outro, que, embora seja
robótico, tem sentimentos muito humanos, como adoração (“Ele é o maior... ele é
o metaguerreiro! Mas eu o amo por sua parte robótica!”), ansiedade (“Queimei um
diodo de eletroemoção e preciso ativar o meu sistema auxiliar”) e até mesmo
inveja, entre outros.
Esse olhar robótico e, ao mesmo tempo,
muito humano, cativa logo de cara o leitor. Ao mesmo tempo, a curiosidade do
robô ouvinte reflete a curiosidade do leitor, muitas vezes antecipando dúvidas
sobre como a trama irá se desenvolver a partir de um ponto que parece um beco
sem saída, mas que Jodorowsky dá um jeito de solucionar.
Giménez é muito bom para desenhar naves.
A história dos metabarões é uma história de
tragédias em sequência, que começa quando seres de outros planetas descobre a
forma como os habitantes de Mármola conseguem transportar imensos blocos de
mármore. O segredo sobre o líquido que anula a gravidade faz com que inicie uma
guerra na qual morrem todas as pessoas da família, sobrando apenas o primeiro
metabarão e seu filho.
Quando achamos que tudo se solucionou e os
personagens vão finalmente encontrar a paz, algo terrível acontece lançando-os
novamente na direção da guerra e criando as tradições, como as partes robóticas
introduzidas nos corpos dos metabarões ou a de que um metabarão só está pronto
quando se torna capaz de matar o próprio pai.
Os poucos momentos de felicidade são apenas um prenúncio da tragédia.
Jodorowsky é chegado a alguns exageros e
algumas sequências que parecem forçadas, a exemplo de algumas reviravoltas ou
soluções, como gerar um bebê a partir de uma gota de sangue. Mas elas acabam
funcionando muito bem dentro da lógica da história.
Giménez, o desenhista, é ótimo para rostos,
armas e amarduras, mas tem problemas com sequências de ação, algumas das quais
ficam confusas. Inteligentemente, Jodorowsky usa o diálogo entre os robôs para
tornar mais claras as situações e garantir a compreensão.
As partes robóticas são uma tradição entre os metabarões.
No final, o resultado é impressionante. O
leitor fica preso a essa mega saga de gerações e as reviravoltas a ponto de não
conseguir parar de ler. Esse primeiro volume, que inclui os quatro primeiros
álbuns, eu devorei em dois dias.
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