A fantasia é um gênero que pode gerar desde história do mais puro escapismo até profundas reflexões filosóficas. Nesse último caso se encaixa a noveleta A porta no muro, escrito em 1906 por HG Wells.
Na trama o narrador ouve a história da boca Lionel Wallace, um importante político britânico.
Quando era apenas uma criança, ele se deparara com uma porta verde num muro, entrou e se deparou com um mundo mágico, um jardim que o assombrou pelo resto da vida: "No momento em que entrou, o sentimento foi de uma felicidade intensa… como só acontece em raros momentos e quando se é jovem e cheio de vida e se pode ficar feliz neste mundo. E tudo era lindo lá…".
Nesse mundo de cores espetaculares, de onças inofensivas, o garoto se sente como se estivesse finalmente em casa: “Havia uma sensação clara de volta para o lar na minha mente, e, quando uma garota alta e loura apareceu no caminho e veio falar comigo, sorrindo, e disse ‘E então?’, me pegou no colo, me beijou, me pôs no chão e me pegou pela mão, não houve surpresa, mas só uma impressão de certeza prazerosa, de ser lembrado de coisas felizes que tinham sido, estranhamente, deixadas de lado".
Até aí o texto não traz nada diferente do que estamos acostumados em outros textos de fantasia. O mais interessante é o que vem depois. Wallace passa o resto da vida procurando a porta verde, mas sempre que a encontra há um compromisso, um encontro com um ministro, uma garota, uma lei a ser aprovada.... E ele nunca entra.
Wells traz uma reflexão sobre o perdemos ao sair da infância e sobre como os compromisso da vida adulta podem nos desviar do que é realmente importante.
O texto foi lançado em 2020 como ebook pela editora wish e está disponível na Amazon.
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