quarta-feira, novembro 27, 2024

Batman – Máscaras


Batman está impedindo um arrombamento quando começa a se sentir mal. Ele desmaia e, ao acordar, se vê na cama de um hospital. Médicos, enfermeiros e um psicólogo dizem que ele está ali há meses sendo tratado por alcoolismo. Aparentemente ele foi achado em um beco vestindo uma roupa que é uma versão barata do uniforme do Batman, com luvas de borracha e capa de saco de lixo, o que indica que toda a história de vigilantismo é nada mais que uma fantasia de sua cabeça.

Ao mesmo tempo, ele começa a ter delírios com os pais e com vilões.

Batman existe mesmo ou é só uma fantasia de Bruce Wayne? 


Esse é o mote da minissérie Máscara, de Brian Talbot, publicada na série Contos de Batman. É uma proposta instigante, que deixa o leitor em eterna dúvida, assim como o personagem: aquilo está realmente acontecendo ou é tudo algum tipo de ilusão criada por um vilão?

Os melhores trechos da história são as conversas com o psicólogo da instituição. Segundo ele, o casal Wayne não só foi assassinado, mas também deixou dívidas enormes, deixando Bruce na miséria. “No orfanato, você sofreu Bullying constante. Fugiu aos catorse anos e logo sucumbiu ao alcoolismo”, informa ele.

Bruce Wayne começa a ter alucinações com os pais. 


Brian Talbot faz referências diretas à série Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, mas o faz para refletir sobre o personagem: “Você se refugia na identidade do Batman para tentar controlar seu mundo. A vida real não faz sentido para você. Ela assassinou seus pais e o prejudica desde a infância. Você enxerga o mundo como um caos sem sentido. Sente que precisa impor a ordem”, explica o psicólogo. “Basicamente, é um impulso fascista que muitos compartilham”.

O nome da série refere-se diretamente aos estudos de Jung sobre personalidade. “Sabia que, originalmente, a palavra persona significava máscara?”, diz o psicólogo. “Segundo Jung, trata-se da personalidade assumida por um indivíduo em adaptação ao mundo externo”.

Os melhores trechos são as falas do psicólogo. 


Há também uma sequência em que a Mulher-Gato aparece para o herói em seu delírio. “Sou a sua fantasia sexual”, ela diz. “O seu fetiche em couro”.

No final, quando a situação finalmente é explicada, o resultado parece muito aquém do que se poderia esperar. Máscaras vale principalmente pelo curioso estudo de personagem, pela crítica implícita, e pela forma como o personagem reage a situações extremas.

No Brasil essa história foi publicada pela Panini no álbum Máscaras e outras lendas das trevas. 

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