Com a queda na venda dos super-heróis, as editoras começaram a investir em outros gêneros e um dos que tiveram melhor retorno foi o faroeste. As primeiras incursões aconteceram já na década de 1920, nas tiras de jornais e depois nos gibis. Entre os personagem dessa época, destacam-se Bufallo Bill (de Harry O´Neil), Rei da Polícia Montada (de Allen Dean) e Red Ryder (de Fred Harman), que depois mudaria seu nome para Bronco Piler, sem qualquer explicação aos leitores.
Em 1932 surgiu aquele que seria provavelmente o mais famoso herói de faroeste: Lone Ranger (Cavaleiro Solitário). O personagem, um cowboy que usava máscara para esconder sua identidade e tinha como companheiro o índio Tonto, surgiu no rádio, criação de George Trendle e Fran Stiker. Depois foi para as tiras de jornais, no traço de Charles Flanders e para os gibis, com desenhos de George Wilson. No Brasil, esse personagem foi batizado de Zorro, que era o nome de outro personagem, o herói de capa e espada criado por Johnston McCulley. Em decorrência disso, tivemos, no país, dois personagens diferentes com o mesmo nome.
Assim como o Lone Ranger, vários outros cowboys do rádio ou do cinema migraram para os quadrinhos. Entre os mais famosos, estão Roy Rogers, Durango Kid (que mereceu até uma música de Raul Seixas), Tom Mix e até o cachorro Rintintin.
Mas nem sempre essa transposição era imediata. Um dos faroestes mais bem realizados, Cisco Kid, com texto do americano Rod Red e desenhos do argentino José Luís Salinas, surgiu na literatura, virou filme em 1929 e só 20 anos depois ganhou sua versão em quadrinhos.
No rastro de Lone Ranger, muitas outras editoras lançaram heróis mascarados, como Black Diamond, Fantasma Vingador e O Cavaleiro Negro (Black Rider). Esse último, desenhado por Sid Shores, alcançou grande sucesso no Brasil, O título chegou a mais de 200 edições lançadas. Quando a Marvel cancelou o título nos EUA, a RGE, que publicava a revista no Brasil, não quis largar o osso e adaptou o personagem espanhol Gringo para que ele fizesse as vezes do Cavaleiro Negro. Primaggio Mantovi e Walmir Amaral eram responsáveis por adaptar os desenhos. Aparentemente, os leitores não perceberam a troca, pois a revista continuou vendendo bem.
Outro personagem de sucesso da Marvel foi Two-Gun Kid, a HQ de Western mais duradoura dos EUA, tendo durado 31 anos e sendo cancelada apenas em 1979. O personagem era um mocinho que fora injustamente acusado de assassinato e vivia sendo perseguido por xerifes e caçadores de recompensa.
Em 1955 surgiu Rawhide Kid (Billy Blue, no Brasil). Foi um personagem de sucesso até o final da década de 1970, mas ficou marcado mesmo pelo seu retorno em 2003, numa história em que se revelava que ele era gay.
A DC Comics também investiu pesado no faroeste, embora seu personagem mais famoso, Jonah Hex, tenha surgido só na década de 1970.
Existiu até um cowboy nacional. Era Jerônimo, o herói do sertão. Sempre ajudado pelo moleque Saci, ele surgiu no rádio, mas migrou para os quadrinhos em 1957, tendo estrelado 92 gibis mensais e cinco almanaques especiais. Era escrito por Moysés Waltman e desenhado por Edmundo Rodrigues e publicado pela RGE.
Depois do auge do gênero, na década de 1950, os cowboys foram entrando em decadência. Muitos acreditam que isso se deve à corrida espacial. Com a chegada do homem ao espaço, os leitores (em especial os norte-americanos) não queriam mais olhar para o passado, mas para o futuro. Isso deu um novo destaque aos super-heróis, cuja temática podia ser melhor adaptada aos novos tempos científicos.
Poucas editoras norte-americanos ainda investem nos cowboys. Curiosamente, os países europeus é que ainda mantém o interesse pelo gênero, em especial os franceses (com personagens como o tenente Blueberry) e os italianos (com personagens como Tex).
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