As produções norte-americanas da Netflix
parecem tão pasteurizadas, tão formuláicas tanto no roteiro quanto na
realização, que tenho buscado produções de outros países na plataforma. Uma
agradável e surpreendente surpresa é o filme peruano Chabuca.
O filme acompanha a trajetória do ator Ernesto Pimentel, que se
tornaria um símbolo nacional com sua personagem Chabuca, uma mulher desbocada e
alegre, com saias coloridas.
Até chegar à fama, Ernesto viveu uma vida
de muitas dificuldades: a mãe morreu quando ele ainda era criança e ele foi
morar com a avó em uma casa em um bairro pobre, do qual seriam afinal
depejados. A cena, em que o protagonista não só perde seu barraco em uma favela
como ainda é violentado é provavelmente a mais simbólica da realidade vivida
por ele.
Acrescido a isso, há o contágio da AIDS e a
convivência difícil com o companheiro, que parece se ressentir de Ernesto ser
alçado cada vez mais à fama enquanto ele permanece como um ator medíocre.
Dirigido por Jorge Carmona del Solar,
o filme consegue captar muito bem a complexidade – e simpatia desse personagem,
misturando drama, humor e até mesmo cenas musicais, como as apresentações das
drag queens na boate que o personagem frenquentava. Tudo isso é muito bem
construído para capturar a essência do protagonista, seus dramas e o ambiente
no qual ele desenvolve sua popular personagem. Destaque para as cenas rápidas
em que vemos pequenos trechos dos quadros com Chabuca que mostram porque ela se
tornou tão querida entre os expectadores.
Um filme sobre um ator não poderia pecar no
quesito elenco e aqui temos a ótima interpretação de Sergio Armasgo no papel
de Ernesto Pimentel.
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