quarta-feira, dezembro 11, 2024

O Incal Luz

 


No segundo álbum da série O Incal a dupla Jodorowsky-Moebius parecia mais afinada que no álbum anterior, de modo que a história ganha um ritmo frenético e empolgante.

A história começa com John  Difool preso, à mercê do Tecnopapa. A sequência é uma óbvia crítica do roteirista aos fanáticos religiosos.

John Difool prestes a ser esquertejado. Para variar. 


O perigo é grande: eles pretendem esquertejar o detetive com o objetivo de tirar dele o incal que ele havia engolido na história anterior.  A ideia deles é enviar o incal negro para devorar a luz do sol (o que certamente acabaria com a vida da terra).

Com a ajuda de seu pássaro, Difool consegue se livrar apenas para se meter em outra enrascada – e aqui fica claro moto contínuo da história: sempre veremos o protagonista se metendo em situações cada vez mais desesperadoras para delas escapar de alguma forma inusitada.

Enquanto o mundo desaba ao seu redor, o Governador só pensa nos prazeres da carne. 


Embora tivesse aparecido no primeiro volume, é aqui que vemos pela primeira vez o metabarão em ação, quando este está indo para aprisionar Difool e é atacado por um grupo de alienígenas, que são facilmente exterminados. O metabarão da sua própria série seria ainda mais mortal, mas aqui temos uma ideia do que o personagem viria a ser. Ele se livra do tecnopapa e cai nas garras de Amok, uma mulher que pretende usar o Incal em seus planos de poder.

Neste álbum, além da crítica ao fanatismo religioso, há uma clara crítica social. Enquanto o mundo explode, com uma revolta que devora a cidade, o presidente, em seu novo corpo, se delicia com todo tipo de prazer, tanto sensual quanto culinário, absolutamente alheio ao que acontece à sua volta.

A primeira aparição de Animah. Conceito junguiano? 


Este número apresenta dois novos personagens, Solene, o garoto que parece ser filho do Metabarão e Animah, aparentemente sua mãe. Anima é um conceito junguiano, o que mostra as preocupações de Jodorowsky de colocar seus temas na história. A impressão que tenho é de que, enquanto o primeiro álbum parece ter mais ideias de Moebius, aqui o roteirista parece ter contribuído mais.  

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