segunda-feira, dezembro 23, 2024

O terrível natal de Kitty Pride

 

Durante anos foi uma tradição no mercado norte-americano de quadrinhos edições natalinas. Era curioso ver como os roteiristas faziam malabarismos para colocar o tema em histórias de super-heróis. Algumas eram verdadeiros rios de lágrimas, outras tratavam de temas sociais e outras eram só engraçadas.

Uma das mais interessantes é a edição 143 dos X-men, assinada pela dupla genial Chirs Claremont e John Byrne.
A história se passa logo depois da morte da Fênix então não fazia muito sentido uma história melosa. Byrne e Claremont optaram por fazer uma HQ de ação focada na novata Kitty Pride.
O prólogo prepara o leitor para uma história de terror. 


A história começa com uma retrospectiva contando o encontro dos X-men com os nagarai, criaturas de outra dimensão muito parecidas com as do filme Alien. Tempestade conseguiu destruir o portal e o professor Xavier acredita que a ameaça está extinta, mas descobrimos que isso não é verdade: na sequência seguinte vemos um dos monstros matando um casal.
Só aí a história foca nos X-men, em Kitty Pride entediada aprendendo a ligar a nave e a controlar a sala do perigo.
Kitty enfrenta um demônio Nagari numa sequêcia eletrizante. 


Todos acabam saindo e Kitty fica sozinha na mansão. É quando acaba sendo atacada pelo nagarai.
Para quem não conhece, Kitty é capaz de mudar sua estrutura molecular para atravessar objetos. É um poder ótimo para fuga, mas a criatura é poderosa a ponto de atravessar paredes. Por outro lado, o poder de Kitty parece ser apenas defensivo e logo fica claro que ela só conseguirá se livrar da caçada se matar o monstro. Isso cria um triller em que a tensão aumenta a cada página. Byrne sabia manejar muito bem a ação – e na Marvel os desenhistas tinham total liberdade para criar sua própria narrativa visual. 
Só eu achei o demônio parecido com o monstro do filme Alien? 


Por outro lado, Claremont era bom no aprofundamento dos personagens (o que, em alguns caso se transformava em um defeito, mas nessa história em específico é muito bem usado). Em outras palavras: é uma HQ em que tudo funciona. Uma bela despedida para marcar a saída de Byrne do título.


Detalhe: quando essa história foi publicada aqui no Brasil, em Superaventuras Marvel 42, os editores simplesmente apagaram a árvore de natal da capa, tirando a referência natalina da história.

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