sexta-feira, dezembro 13, 2024

Super-homem e o mundo dos bizarros

 


Na era de prata, com a forte censura dos comics code, os escritores tinham que fazer das tripas coração para conseguirem boas histórias. Isso era ainda pior no caso do Super-homem, um personagem poderoso demais. Mas, curiosamente, foi justamente nas histórias do homem de aço que surgiram alguns dos momentos mais criativos dessa época. Exemplo disso é o mundo bizarro, criado pelo roteirista Otto Binder e publicado pela primeira vez em Action Comics 263.

Em uma história anterior, Bizarro havia deixado a Terra, levando consigo a versão imperfeita de Lois Lane. Eles encontram um planeta com uma civilização abandonada e resolvem estabelecer ali sua residência. Mas a Lois Lane Bizarra está sozinha e quer mulheres para conversar, de modo que o Super-homem Bizarro faz cópias dela. Mas isso cria um problema: as outras Lois Lane ficam interessadas em Bizarro, provocando ciúmes da jornalista imperfeita. A solução é criar cópias do Super-homem Bizarro.

No mundo bizarro tudo é distorcido. 


A trama começa quando o Super-homem, ao se livrar de um asteroide radioativo, encontra o planeta e resolve investigar. O que ele encontra é um ótimo exemplo da mente criativa de Otto Binder.

As casas e prédios são totalmente distorcidos. Os relógios no alto dos prédios têm ponteiros tortos e números dispostos de maneira aleatória. “Como alguém poderia saber a hora com aquele relógio?”, pensa o Homem de Aço.

As refeições começam pela sobremesa e terminam com a sopa. 


Para entender melhor esse mundo, o personagem entra em restaurante – e descobre que nele a sobremesa é servida primeiro e a sopa por último. Ao tentar pagar a conta, o herói acha um pedaço de carvão no chão e o transforma em um diamante – só para descobrir que naquele planeta diamantes não valem nada e todas as compras são pagas com carvão.

É curioso que, mesmo com tantos indícios, o personagem não parece entender exatamente como funciona aquele mundo – tanto que tenta consertar algumas casas, deixando-as bonitas, e com isso comete um crime. No mundo bizarro a realização de qualquer coisa bonita ou perfeita é punida com a prisão.

Todo mundo paga a conta com carvão. 


O leitor de hoje deve pensar: ora, basta o personagem alçar vôo e ir embora daquele planeta maluco. Mas essa história se passa na Era de Prata, em que os personagens eram extremamente certinhos e isso incluía obedecer todas as leis, incluindo leis absurdas como as daquele planeta.

O herói acaba sendo preso por fazer uma casa perfeita. 


O mundo bizarro é aquele tipo de conceito que até hoje parece revolucionário.

Em tempo: a forma como o Super consegue se livrar do perigo é algo que vai ter reflexo em todas as histórias posteriores do Mundo Bizarro. 

Sem comentários: