O volume 12 da série Conan em cores, lançada pela Abril reúne três histórias de J.M.DeMatteis desenhadas por John Buscema. Essas três histórias, lidas em sequência, ajudam a perceber como o escritor foi, aos poucos, imprimindo um estilo próprio ao título do cimério.
Na primeira história, que dá nome ao volume,
é nítido que ele está imitando Roy Thomas, inclusive trazendo de volta a
prostituta Jenna, da primeira fase de Thomas no título. A história inicia com
Conan percorrendo um vale quando ouve gritos. É um homem tentando matar um ser
andrajoso. “Por favor”, diz a figura antes do golpe final. “Uma única
palavra... mas imbuída de tanto terror que consegue tocar o coração empedernido
do cimério... e fazê-lo agir!”.
Conan salva um ser andrajoso...
Após salvar a figura misteriosa, ele descobre
que se trata de Jenna, mas agora ela está corcunda e sua pele está repleta de
pústulas. Pior: o cimério também foi infectado. A solução para os dois é seguir
para um vale governando por uma figura misteriosa, Myya L´rrasleff. Após um
processo de transformação, as pessoas passam por uma mudança espiritual, o que
faz com que elas subam a montanha em estado de felicidade absoluta.
A doença que acomete Conan e Jenna poderia
ser lepra, mas como essa é uma história de Conan, é um processo provocado por
um ser alienígena que, depois de ser expulso de seu planeta, decidira
transformar os humanos em réplicas dos seus conterrâneos, mas não contava com
os músculos do cimério.
... para depois descobrir que se trata de Jenna.
É uma típica história de Roy Thomas,
inclusive em termos de narrativa.
A segunda história, “A voz de alguém há muito
tempo perdido” é muito mais interessante, até por acrescentar algo a mais à
mitologia de Conan: um avô, Drogin.
O avô de Conan aparece na história.
Aqui temos uma narrativa em primeira pessoa
que já se aproxima muito mais do que conhecemos do estilo de JM DeMatteis:
“Drogin cujo braço era mais forte que aço hyrkaniano. Ele era um ancião quando
nasci. Os homens da vila o respeitavam e temiam mais do que qualquer outro.
Isso me fazia orgulhoso... pois ele era meu avô”. A recordação termina com o
avô de Conan indo para um local deserto para morrer sozinho, mas na história
Conan o encontra remoçado, um homem ainda maior e mais forte que Conan. O
mistério? Uma aliança com um ser ancestral, que, através dessa aliança, vivia
junto as aventuras do avô de Conan.
Há, nessa história, uma sequência de
alucinação de Conan no qual DeMatteis revive algumas das melhores histórias da
fase de Roy Thomas, incluindo o deus-elefante Yag-Kosha, o macaco Thak e até
Belit.
Um delírio rememora algumas das mais importantes histórias do cimério.
Embora siga o padrão das histórias do cimério
de misturar aventura, ação e mistério, há um toque aqui de algo novo e
inesperado, incluindo aí o ótimo texto final: “À medida em que a delicadeza dá
lugar à paixão... Jenna ouve... ou pensa ouvir... Conan sussurrar algo em seu
ouvido... algo breve sobre vida e morte...e a voz de alguém que há muito se
foi”.
A terceira história traz um típico personagem de J.M.DeMatteis...
Na terceira história temos finalmente um
típico roteiro JM DeMatteis, quando um espachim chamado Vonndhar a serviço de
um deus da morte aparece para levar Jenna. Em sua primeira aparição, ele
aparece sobre o galho de uma árvore, “dedos dançam sobre a flauta de osso
polido”.
Tanto seu aspecto quanto seus modos
proporcionam um contraste interessante com a figura do cimério. Ele veste uma
capa vermelha, botas altas também em vermelho e uma roupa amarela. suas frases
são elaboradas, como “Uma idéia esplêndida, bárbaro”; “Já faz muito tempo que
não ouço o clangor do aço”.
É também a história mais humana das três,
mostrando que até mesmo uma figura fantasmagórica a serviço de um deus da morte
pode amar.
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