Os espanhóis Antônio Segura (roteiro) e José Ortiz (desenhos)
são uma das duplas mais afinadas dos quadrinhos mundiais. Suas histórias sempre
nos surpreendem e trazem diversas camadas de significado, mesmo sendo HQs
curtas. É o que podemos ver no álbum As mil caras de Jack, o estripador,
lançado por aqui pela editora Figura.
Segura e Ortiz parte do fenômeno Jack, o estripador, mas
não se limitam a contar sua história. Sua abordagem é muito mais a respeito de
como o serial killer influenciou uma geração de assassinos, que podem ser as pessoas
menos suspeitas.
![]() |
O álbum reflete sobre a influência de Jack sobre outros assassinos. |
Assim, cada história traz um assassino. Um deles pode ser o
verdadeiro Jack, ou talvez nenhum seja, ou talvez todos sejam. Sobre esse
padrão fixo, Segura imagina as mais diferentes e surpreendentes tipos de abordagens.
Isso é representado pela primeira história, homônima ao álbum,
no qual um jovem policial vê uma das mulheres estripadas por Jack e fica obcecado
a ponto de decidir se tornar ele mesmo um novo Jack. Mas quando decide matar uma
mulher é surpreendido pelo verdadeiro Jack (ou não).
![]() |
Um estrangulador volta para pegar seu relógio. |
Seguem-se a mais diversas abordagens: um estrangulador que deixa
o relógio na mão da vítima e volta para buscar; uma velha mendiga que diz saber a identidade
real de Jack; um traficante chinês cuja filha foi desonrada que contrata um
suposto Jack para vingar a moça... o álbum poderia se chamar variações sobre o
mesmo tema. E cada variação consegue ser mais surpreendente e inusitada que a
outra.
Misturando terror, humor ácido e ironia do destino, o álbum
As mil caras de Jack, o estripador é daquelas leituras que te seguram da
primeira à última página.
Sem comentários:
Enviar um comentário