O bem amado foi a primeira novela em cores da TV brasileira. Foi também a primeira a ser exibida em outras países. Mas a origem dela foi uma peça escrita por Dias Gomes e que ele achou que nunca seria encenada.
Escrita em 1962 e publicada na revista Cláudia, ela só foi
encenada em Recife, em 1969. A razão é que os produtores achavam que tinha
muitos personagens.
Na trama um político corrupto e oportunista chamado Odorico
Paraguaçu se elege prefeito com a promessa de construir um cemitério, já que
até então era necessário levar os mortos para outra localidade. Ele tira
dinheiro da saúde e educação, mas consegue realizar sua obra. Só que, azar dos
azares, ninguém morre, o que ameaça levar o prefeito ao impeachment pelo gasto
desnecessário.
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| A peça deu origem à primeira novela colorida da televisão brasileira. |
No texto, publicado pela editora Bertrand o que chama a
atenção é a ótima caracterização dos personagens, em especial Odorico, e o
senso de humor refinado de Dias Gomes, que consegue ser, ao mesmo tempo, muito
inteligente e extremamente popular.
Odorico se caracteriza principalmente pelos neologismos,
como “defuntice compulsória”, “namorismo”, “agoramente” e “Botando de lado os
entretantos e partindo para os finalmente”.
O texto é de morrer de rir, com destaque para o quinto
quadro, quando um rapaz moribundo é levado por Odorico para Sucupira na
intenção de que, uma vez morto, inaugurasse o cemitério. Mas acontece uma tragédia:
o rapaz não só sobrevive, como ainda fica mais saudável que antes graças ao ar
da cidade. “Ele veio com a condição de morrer aqui! Falta de palavra...”,
reclama Odorico.


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