história dos quadrinhos 24
O carrasco dos gibis
No início da década de 50, o psicólogo alemão naturalizado norte-americano Fredric Werthan publicou uma obra que teve grande influencia sobre o futuro das histórias em quadrinhos. O Livro Sedução de Inocentes acusava os gibis de provocarem preguiça mental e delinqüência juvenil. Para Werthan, as crianças que liam quadrinhos se tornariam marginais e perderiam completamente o gosto pela leitura.
A campanha de Werthan contra os quadrinhos teve início em 1948, com a publicação do artigo Horror in The Nursey na revista Collier. Como resultado direto do artigo, houve uma queima pública de quadrinhos na cidade de Birghnton, Nova York.
Depois disso os jornais e revistas começaram a publicar crimes juvenis inspirados por revistas em quadrinhos. As crianças logo aprenderam que uma maneira fácil de se eximir da responsabilidade por seus atos era colocar a culpa nos gibis.
Foi criada uma comissão no Senado Americano para investigar os supostos efeitos nocivos dos gibis sobre as crianças. Os editores foram chamados para depor, mas o depoimento que causou mais forte impressão foi o do psicólogo inimigo dos gibis. Suas palavras ainda ecoavam na opinião pública quando os senadores aconselharam os editores a criarem um código de censura, antes que alguém o fizesse por eles. As empresas da área entenderam o recado e imediatamente se reuniram para criar o Comics Code – um código que atrasou em mais de 20 anos o desenvolvimento dos quadrinhos na América. As revistas da EC Comics, as mais revolucionárias da época, foram quase que totalmente proibidas. A Mad se salvou apenas por ter mudado de formato, o que a deixou fora do código.
Entretanto, as pesquisas de Fredric Werthan, que deram origem ao livro Sedução dos inocentes, tinham erros metodológicos básicos e graves. O primeiro deles é o teste do falseamento. A metodologia científica prevê que um cientista deve criar uma hipótese e testá-la, procurando não provas de que ela está certa, mas provas de que ela está errada. Além disso, o cientista deve estar atento às chamadas variáveis intervenientes, aquelas coisas que não estão sendo estudadas, mas podem interferir nos resultados. Werthan não fez nem uma coisa nem outra. Ao invés de testar sua hipótese, ele procurou apenas provas de que ela estava correta. Ademais, ele ignorou completamente todas as outras variáveis que poderiam estar provocando a delinqüência juvenil. Num caso de um garoto que matou um homem por diversão, por exemplo, ele ignorou completamente o fato de que o garoto tinha diversas armas em casa e era fanático por elas para concentrar-se apenas no fato de que o garoto lia gibis.
Hoje em dia as pesquisas de Werthan são motivo de piada nos meios científicos, mas tiveram grande repercussão, criando um preconceito contra essa mídia que existe até hoje.
O carrasco dos gibis
No início da década de 50, o psicólogo alemão naturalizado norte-americano Fredric Werthan publicou uma obra que teve grande influencia sobre o futuro das histórias em quadrinhos. O Livro Sedução de Inocentes acusava os gibis de provocarem preguiça mental e delinqüência juvenil. Para Werthan, as crianças que liam quadrinhos se tornariam marginais e perderiam completamente o gosto pela leitura.
A campanha de Werthan contra os quadrinhos teve início em 1948, com a publicação do artigo Horror in The Nursey na revista Collier. Como resultado direto do artigo, houve uma queima pública de quadrinhos na cidade de Birghnton, Nova York.
Depois disso os jornais e revistas começaram a publicar crimes juvenis inspirados por revistas em quadrinhos. As crianças logo aprenderam que uma maneira fácil de se eximir da responsabilidade por seus atos era colocar a culpa nos gibis.
Foi criada uma comissão no Senado Americano para investigar os supostos efeitos nocivos dos gibis sobre as crianças. Os editores foram chamados para depor, mas o depoimento que causou mais forte impressão foi o do psicólogo inimigo dos gibis. Suas palavras ainda ecoavam na opinião pública quando os senadores aconselharam os editores a criarem um código de censura, antes que alguém o fizesse por eles. As empresas da área entenderam o recado e imediatamente se reuniram para criar o Comics Code – um código que atrasou em mais de 20 anos o desenvolvimento dos quadrinhos na América. As revistas da EC Comics, as mais revolucionárias da época, foram quase que totalmente proibidas. A Mad se salvou apenas por ter mudado de formato, o que a deixou fora do código.
Entretanto, as pesquisas de Fredric Werthan, que deram origem ao livro Sedução dos inocentes, tinham erros metodológicos básicos e graves. O primeiro deles é o teste do falseamento. A metodologia científica prevê que um cientista deve criar uma hipótese e testá-la, procurando não provas de que ela está certa, mas provas de que ela está errada. Além disso, o cientista deve estar atento às chamadas variáveis intervenientes, aquelas coisas que não estão sendo estudadas, mas podem interferir nos resultados. Werthan não fez nem uma coisa nem outra. Ao invés de testar sua hipótese, ele procurou apenas provas de que ela estava correta. Ademais, ele ignorou completamente todas as outras variáveis que poderiam estar provocando a delinqüência juvenil. Num caso de um garoto que matou um homem por diversão, por exemplo, ele ignorou completamente o fato de que o garoto tinha diversas armas em casa e era fanático por elas para concentrar-se apenas no fato de que o garoto lia gibis.
Hoje em dia as pesquisas de Werthan são motivo de piada nos meios científicos, mas tiveram grande repercussão, criando um preconceito contra essa mídia que existe até hoje.
1 comentário:
"O Livro Sedução de Inocentes acusava os gibis de provocarem preguiça mental e delinqüência juvenil."
Bom,apesar de ser um leitor de quadrinhos, e de não achar nada de intrisecamente ERRADO no MEIO das histórias em quadrinhos, Uma rapida passada na internet seja em chat rooms ou em forúns de discussão pode dar a impressão de que estes dados da pesquisa de Werthan são até bem apurados.
quando eu era guri acusavam os quadrinhos de "não ajudar a construir vocabulário". Ou seja os textos seriam simplorios e rasteiros. Obviamente isso não é verdade hoje em dia.
Há obras de evidente sofisticação
porém, na internet, os leitores tem um vocabulário limitadissimo.
É de doer ouvir algum "critico" resumir qualquer obra com expressões como "É UM LIXO".
Ninguem é obrigado a gostar de nada, se alguem não gosta de alguma HQS mesmo famosa, tudo bem. Mas este tipo de comentário "é um lixo' não é um comentário... é uma defecação.
De repente... em algum aspecto, talvez werthan tinha mesmo alguma razão.
Meu nome não é Johnny
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